Game of Thrones – Spoils of War (S07e04)

Mais um episódio histórico de Game of Thrones chegou. Talvez não tenha sido o melhor de todos, mas certamente foi o mais quente (ha!).

Foi o tipo de episódio que mostra como vale a pena todo o “investimento” que fazemos assistindo horas e horas deste seriado. E que episódio, meus amigos! Todas as sequências foram absolutamente memoráveis, com um pouco de história, reencontros, invertidas e, claro, uma grande batalha.

Então vamos logo à review, que está pegando fogo!

*Contém Spoilers

Tudo começa com a companhia de logística Jaime, Bronn & Associados, responsável por transportar os espólios dos Tyrells para King’s Landing – uma carroça cheia de ouro e comida para durar uma eternidade. Jaime manda o dinheiro logo para a irmã, que precisa quitar seus débitos, mas não sem antes separar uma parcelinha para quitar a sua dívida pessoal com Bronn. Ele demonstra sua insatisfação, já que o combinado era um castelo para chamar de seu, mas Jaime, mais estratégico, indica que é melhor esperar a guerra acabar para Bronn não correr o risco de perder tudo no primeiro ataque de Daenerys.

Jaime está ainda mexido com tudo o que vem acontecendo em sua vida, que teve o ápice semana passada, com a revelação de Lady Olenna (#saudades). Ele ainda está digerindo tudo isso, junto com a caída de ficha de que sua irmã será sua ruína – tanto que quando Bronn tenta fazê-lo desabafar, ele diz que guardará sua confissão para o High Septon, devidamente incinerado por Cersei. O que indica que as ações intempestivas de sua irmã continuam lá cutucando.

Já em King’s Landing, Cersei continua suas negociações com o Banco de Ferro, e informa que irá pagar sua dívida à vista, e nem pediu um descontinho! O banqueiro fica impressionado e se derrete todo pela rainha, diz que ela é muito melhor que o pai. E já que ela está com crédito na praça, por que não ir encaminhando outro empréstimo, desta vez para contratar um exército de aluguel, a Golden Company.

Em Winterfell, temos o maior tapa na cara do episódio, que foi Bran deixar claro para Littlefinger que ele tudo vê, tudo sabe, tudo ouve. Primeiro, Littlefinger entrega a Bran a adaga usada na tentativa de assassinato e que foi usada para acusar Tyrion injustamente (algo que ocorre com certa frequência em GoT). Bran cita então algo que Littlefinger só fala com pouquíssimas pessoas: sua filosofia de vida, de que o caos é uma escada. Isso foi sutil como um elefante numa cristaleira – ou um dragão no campo de batalha, mas aí eu estaria me adiantando. Dá pra ver o frio na espinha que sentiu Littlefinger, que ficou mudo. Ele estava tentando tramar alguma coisa para cima de Bran, quem sabe conquistar um aliado por ali, ou apenas gerar um pouco mais de caos na família Stark. Mas mal sabia Littlefinger que sua situação iria se complicar ainda mais.

Antes disso, porém, temos a triste despedida de Meera Reed, a menina que ajudou Bran desde a tomada de Winterfell por Theon, que correu vários perigos para protegê-lo. Que sobreviveu onde seu irmão Jojen, Hodor, Summer e até o Corvo de Três Olhos original pereceram. Visivelmente apaixonada por Bran, ela se despede e ouve apenas um seco “obrigado”. É então que ela percebe que o Bran que todos conheceram realmente morreu naquela caverna, que agora ele é uma entidade que tem o mesmo corpo de Bran mas que não é mais capaz de nenhuma emoção. Ou que talvez apenas saiba que precisa sacrificar tudo, inclusive o amor de Meera, pelo bem maior.

Logo esquecemos disso, pois finalmente, depois de sete temporadas, Arya Stark está de volta a Winterfell. Depois de um divertido diálogo com os dois patetas que estão cuidando do portão, Arya vai entrando e enquanto eles não estão vendo, vai dar uma voltinha. Eles percebem então que a coisa vai feder pro lado deles e resolvem ir correndo contar para Sansa o que aconteceu. Como Arya deixou vários nomes da sua infância nortista no ar (infelizmente todos mortos), Sansa acredita que deve ser ela mesmo e vai procurá-la nas criptas dos Starks. E é lá, em frente ao mausoléu de seu pai, que as duas se reencontram.

Não foi o mais carinhoso dos reencontros, mas perto do que temos visto de Bran, até que foi tudo bem. Arya pergunta se deve chamar Sansa de Lady Stark, ao que orgulhosamente Sansa responde que sim. Arya então comenta sobre sua lista e Sansa não leva muito a sério – ninguém leva mesmo, pelo menos até a hora que em que o sangue começa a correr.

As duas vão se encontrar com Bran, que está embaixo da árvore que é o seu canal de comunicação com a Westerospedia. Bran mal a cumprimenta e já vai logo confirmando a existência da lista de Arya, e aí Sansa começa a perceber que não era brincadeira – mas ainda não tem noção do quão sério é isso tudo. Bran então presenteia sua irmã mais nova com a adaga que foi usada na sua tentativa de assassinato, já que ela tem muito utilidade nas mãos de uma assassina altamente treinada do que de um robô na cadeira de rodas.

Ao voltarem para o castelo, são observados por Brienne, que num misto de orgulho e decepção ouve de Pod que ela conseguiu cumprir sua promessa a Catelyn. Ela responde que não fez nada, que tudo caiu no colo dela – o que é uma quase verdade. Pod diz que ela não deve ser tão dura consigo mesma, e ela finalmente aceita um elogio. E tudo volta ao normal, com Brienne descendo o sarrafo no pobre Pod.

Arya intervém, e casualmente diz que faz tempo que não treina. Brienne não quer lutar com Arya, pede que ela treine com outra pessoa, mas Arya diz que não há cavaleiro melhor para treinar do que a pessoa que derrotou o Cão – mais um elogio para Brienne hoje! E o que acontece a seguir é provavelmente a mais legal de todas as lutas de espadas já feita na televisão.

Arya mostra que aprendeu direitinho com Syrio Forel lá na primeira temporada e que só melhorou com o tempo – e muito. A coreografia dessa luta é algo impressionante, com dois estilos completamente diferentes, duas pessoas de tamanho absolutamente distintos – Brienne deve ter o dobro da altura de Arya -, e a luta funciona perfeitamente. Arya, toda ágil, nos surpreende com seu jeito Yoda dançante de lutar. Brienne, mesmo usando toda a sua força e violência, perde os dois primeiros rounds, totalmente surpresa com sua oponente. Depois de passada a surpresa, ela consegue derrubar Arya, que se levanta e a luta termina empatada, com as duas segurando as lâminas a milímetros da garganta uma da outra. É uma daquelas sequências de levantar e bater palmas. As duas sabem disso e saem com ainda mais respeito uma pela outra do que antes. Sansa, que assiste a tudo de camarote, percebe que sim, a coisa ficou séria mesmo e sua irmã é uma arma mortífera.

Em Dragonstone, enquanto Missandei conta sobre suas peripécias com Grey Worm a Daenerys, Jon Snow a chama para ver o que ele encontrou nas cavernas. Lá dentro, a meia luz, eles admiram o trabalho artístico arqueológico das Crianças da Floresta, que mostram como elas se aliaram aos humanos para derrotar os White Walkers milênios atrás. Daenerys parece finalmente acreditar em Jon Snow, e promete lutar por ele e pelo Norte. Mas somente se ele se ajoelhar e a reconhecer como rainha. Jon diz que não tem como fazer isso e a aliança total entre os dois continua suspensa, pelo menos por enquanto.

Do lado de fora da caverna, más notícias aguardam Dany. Tyrion e Varys a avisam que a vitória sobre Casterly Rock foi uma vitória vazia e que Highgarden caiu. Ela perde a paciência com Tyrion, diz que todas as estratégias dele falharam, que ele foi o responsável pela queda de Dorne e de Highgarden, que por causa dele os Imaculados estão indisponíveis e sua esquadra está destruída, insinuando ainda que ele deve estar tentando defender sua família. Para ela agora é hora de ir com tudo para cima de Cersei, estilo destruição total. Tyrion ainda tenta argumentar, mas Dany parece irredutível, até que pede a opinião de Jon.

Ele a princípio evita meter o bedelho nessa discussão, mas indica que apesar dos pesares, destruir King’s Landing não seria legal, resultaria na morte de muitos civis e inocentes, e não é isso o que ela quer. Isso deixa a brecha para o final do episódio.

Enquanto Davos, Jon e Missandei batem um papo na praia, mais um barco Greyjoy se aproxima. E dentro dele, Theon, que só escapa de levar uma surra de Jon por ter salvado Sansa (olha aí o irmão super protetor de novo! Ou será algo mais?). Theon pede para falar com Daenerys, que só ela pode salvar Yara. Só que no momento ela não está, deu uma saidinha mas volta logo, quer deixar recado? Na sequência seguinte já vemos para onde Daenerys foi.

Jaime e Bronn estão a caminho de King’s Landing com o carregamento de alimentos saqueados de Highgarden. Randyll Tarly quer dar uma sova nos “atrasildos”, o que gera uma reação de Jaime e Bronn no estilo “mas precisa mesmo disso tudo?”. Bronn ainda gargalha forte depois de Jaime novamente trocar o nome do irmão de Sam, que se mostra chateado de ter que batalhar contra vários amigos de infância e vivenciar sua primeira guerra. É uma cena que serve para humanizar um pouco Dickon/Rickon, e prepara o terreno para o vai acontecer em instantes.

Bronn ouve um barulho estranho e logo Jaime e Randyll percebem que é o barulho de uma cavalaria chegando. Eles organizam suas defesas apressadamente e a visão do exército Dothraki faz os soldados Lannisters literalmente tremerem nas bases. E quando Daenerys surge montada em Drogon, a coisa fica feia para o lado deles. Já de cara o dragão solta fogo pelas ventas e abre um buraco na linha de defesa e o pau começa a comer. A batalha não tem o mesmo tom claustrofóbico da Batalha dos Bastardos, mas o caos se faz presente, com gente sendo queimada a torto e a direito, os Dothraki em seus cavalos destruindo tudo o que veem pela frente, de todos os jeitos imagináveis – arco e flecha de pé no cavalo, pulando por cima dos escudos inimigos, decapitando gente por todo lado. É uma surra sem precedentes para os Lannisters. Toda a comida foi destruída e o exército dizimado.

Jaime pede então a Bronn para tentar derrubar o dragão com a arma desenvolvida por Qyburn. Ele precisa primeiro se desvencilhar de um Dothraki, e o faz com um dos arpões, o que nos lembra da potência dessa arma. Ele rearma o seu equipamento e dispara o primeiro tiro, que passa perto mas não acerta Drogon. Tyrion, já com medo do próximo tiro não errar o alvo, tem a mesma reação que muitos de nós – respiração presa, silêncio absoluto e atenção máxima a tudo o que está acontecendo.

Daenerys também percebeu o arpão que passou muito perto e vai com tudo para cima de Bronn. Numa tomada clássica de filmes da Segunda Guerra, Bronn fecha a mira e dispara. O arpão atinge Drogon no ombro que sente o golpe e começa a cair. Antes de atingir o solo ele consegue recuperar o controle de voo e destrói a arma que o machucou, mas Bronn consegue escapar. Dany desce do dragão e enquanto tenta retirar o arpão, Jaime vê uma chance de terminar com tudo de uma vez e parte para o ataque um contra um, sob os olhares aflitos de Tyrion, que só queria que seu irmão fugisse dali o mais rápido possível. No momento em que Daenerys se vira e percebe Jaime chegando, Drogon, demonstrando a conexão que tem com sua mãe, entra na frente e dispara uma rajada de fogo. Bronn pula e joga Jaime no lago, onde ele lentamente se afunda com o peso de sua armadura e mão de ouro, até que tudo fica escuro e é fim de papo por hoje.

Notinhas

  • Esses elogios do banqueiro para Cersei devem realmente inflar o ego da Rainha Sith. Tudo o que ela sempre quis de seu pai foi respeito e ser tratada como uma Lannister de primeira linha, e não apenas um pedaço de carne para selar alianças com outras famílias. Apesar disso, ela idolatrava a inteligência estratégica de seu pai, portanto não tem elogio maior para ela do que ser comparada, favoravelmente ainda por cima, ao seu pai.
  • Ainda não sabemos a quem pertence a adaga que Littlefinger deu a Bran. Aparentemente ele sabe, mas Bran não deu nenhuma indicação disso, até porque não dá mais para saber de nada pelas reações de Bran. E se ele ainda não está por dentro de quem foi o mandante do seu assassinato, é só uma questão de tempo.
  • Tudo bem que os guardas do portão não reconheçam Arya, mas depois de tudo o que aconteceu por aquelas bandas nos últimos anos, seria de bom tom pelo menos um “aguarde um minuto enquanto vamos estar verificando sua identidade com as autoridades competentes”.
  • Sansa sempre quis ser uma Lady. Ela imaginava que seria em algum outro castelo, para dar seguimento a alguma outra família poderosa de Westeros, quem sabe até subir ao trono de ferro. Mas ela parece muito satisfeita em ser a Lady Stark de Winterfell e dar seguimento à sua própria família.
  • Coitado do Pod, só apanha. Gosto bastante da Brienne, mas ela faz ele sofrer demais. Claro que isso fará dele um cavaleiro melhor, mas aposto que ele era mais feliz ao lado de Tyrion – aliás, será que falta muito para esse reencontro?
  • A satisfação de ver Arya com uma espada na mão lutando desse jeito é a mesma que tive ao ver Yoda lutando pra valer pela primeira vez. E nos dois casos fiquei muito impressionado com o resultado.
  • E pra acabar a luta, Arya usa a adaga para finalizar o oponente, o que serve como uma previsão para o futuro. Afinal, a adaga é de aço valiriano que, junto com dragonglass e os próprios dragões, são as únicas coisas capazes de matar um White Walker. Mal posso esperar para ver Arya destroçando uns zumbis nos próximos episódios.
  • Quem te ensinou a lutar desse jeito, menina? Ninguém! HA!
  • Littlefinger ainda teve que lidar com essa outra invertida, depois de assistir o show de luta de espadas de Arya, ele sabe que basta uma palavra de Sansa a respeito da armação do casamento com Ramsay Bolton para ele pular para as primeiras posições da temida listinha da morte. Sansa e Arya ainda tem muito para conversar, certamente esse será um dos assuntos. A olhada de Arya para ele ao final da luta diz muito.
  • Lembram quem foi a última mulher a pedir que Jon se ajoelhasse numa caverna? Pois é, Ygritte, a selvagem cabeça de fogo.
  • Agora Daenerys pede conselhos a Jon Snow. Devagarzinho os dois estão se aproximando. O mais natural é os dois no trono de ferro juntos ao fim da história, vivendo felizes para sempre. Mas isso é Game of Thrones, alguma coisa vai acontecer para impedir isso.
  • A conversa furada de Davos com Missandei, mais uma vez, parecendo um xaveco furado. Mas não sei, talvez tenha algo errado nisso tudo. Davos nunca foi muito disso, talvez ele tenha algum motivo para desconfiar das origens de Missandei e esteja tentando arrancar alguma coisa dela.
  • Um dos cavaleiros Dothraki, no meio da batalha, diz a Tyrion que seu pessoal não sabe lutar. Isso cala fundo no anão, que sabe que ali está o exército da sua família sendo destroçado perante seus olhos.

  • Talvez Daenerys não esteja 100% errada quando diz que Tyrion não quer machucar sua própria família. Apesar de desprezar Cersei, ele gosta de Jaime e não quer que seu irmão termine mal. Isso pode ser uma boa para Jaime – ele não morreu afogado ali, é um personagem importante demais para morrer assim -, mas pode também ser uma péssima para Tyrion. O mais provável é que Jaime seja feito prisioneiro e Tyrion assuma o papel que foi de Jaime enquanto ele mesmo era acusado de ter matado Joffrey.
  • Drogon foi machucado no ombro, o que parece um ferimento superficial do qual ele deve se recuperar com facilidade. Mas foi assim mesmo que Khal Drogo, o Dothraki que dá nome ao dragão, acabou perecendo.

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