*Contém Spoilers
The Walking Dead finalmente voltou, para felicidade de uns e desespero de outros. Daí você me pergunta por que alguém ficaria desesperado com o retorno de um seriado? Simplesmente porque tem gente que é chata e não consegue simplesmente não assistir se não gosta ou largar se não interessa mais, tem que ficar reclamando. Tá, mas isso não tem nada com nada, vamos ao que interessa de fato. O título desse primeiro episódio da nona temporada é A New Beginning – Um novo começo. E esse título é de duplo sentido, ele não representa só um novo começo dentro do universo da série, ele representa um novo começo para os fãs que já estavam clamando por um recomeço ou um fim decente.
O episódio nos apresenta a realidade dezoito meses após o fim da guerra com Negan e os Salvadores. Temos um mundo onde existem diversos núcleos e todos eles de certa forma se integram, embora quem esteja levando tudo no lombo seja Hilltop, que está sob a liderança de Megan. Aliás, alguém duvidou que isso aconteceria? Aparentemente esse mundo é quase uma democracia. Quase porque as leis ainda não existem expressamente, estão sendo pensadas, ainda precisam ser elaboradas e fixadas. Agora eles utilizam os recursos de baixa tecnologia para sobrevivência. Lembram daquele livro que eles ganharam no episódio 12 (The Key) da temporada passada? Então, parece que ele realmente está sendo de grande valia, estão construindo uma nova sociedade, assim como fizeram nossos antepassados. Hey! Já pensou você aí sem TV, internet e vídeo game? Já se pensou sem energia elétrica e água encanada? Olha que essa realidade nem é tão distante, ainda hoje existem locais onde as pessoas não possuem isso. Não era o caso dos sobreviventes de TWD e eles estão reaprendendo a viver e parece que é isso que vamos acompanhar nessa nova temporada: a construção passo a passo de uma nova sociedade.
Tivemos um pequeno exemplo de como a construção de uma nova comunidade, de um novo mundo é complexo e difícil. Todos devem fazer sua parte, certo? Mas para isso todos devem ter uma parte bem definida e aceitar essa incumbência. Maggie foi eleita prefeita de Hilltop, ou pelo menos foi isso que percebemos na conversa entre ela e seu opositor Gregory. Sendo ela agora prefeita, foi pra cima dela que os pais que perderam seu filho em uma missão foram. Eles culpam Maggie por enviar o rapar em uma missão perigosa. Óbvio que a prefeita não tem a menor culpa disso, eles vivem num mundo perigoso e o rapaz já era um homem adulto, não era um menininho indefeso. Carl, muito mais novo enfrentou situações muito mais perigosas, esse é o mundo pós apocalíptico, essa é a nova realidade e a culpa é do vírus que causou essa epidemia, mas não de Maggie. Eles estava de luto, perderam um filho, normal que num primeiro momento não pensem e queiram culpar alguém. Problema é Gregory utilizar esse luto para tentar eliminar uma concorrente.
Covarde como sempre, ele convence o pai que acabou de perder um filho a atacar Maggie. A missão não dá certo e Maggie logo descobre quem é o mandante. Justiça precisa ser feita e a pena escolhida por Maggie foi o enforcamento em “praça pública”. Nem todos concordam, mas é ela quem manda. Aí é que percebe-se que regras bem pensadas, estipuladas e fixadas são de suma importância, afinal, até onde um poder individual pode ir? Qual a linha entre administrar de forma democrática e o autoritarismo? Conhecem essa história, né? Pois é, alguns vão concordar com a atitude de Maggie, outros serão totalmente contra, mas quem está certo? Existe um certo? Enquanto não houver leis definidas fica complicado julgar esse tipo de atitude, porém, isso também pode causar muitos transtornos a médio/longo prazo. Tá vendo como é complexo construir uma sociedade?
E o Rick, onde ele entra nessa história toda? Bem, Rick virou paz e amor e apesar de ainda ser considerado um líder, parece mais interessado em deixar essa parte para os demais. Ele não se ausenta completamente das responsabilidades mas já sentimos ele delegando as funções. Vemos que Maggie e Daryl não conseguiram esquecer tudo que passaram e nem querem, vemos que eles não vão simplesmente construir um mundo cor de rosa que possa ser rachado no primeiro terremoto, eles estão firmes e são eles quem vão fazer e abalar as estruturas dessa nona temporada. Ainda é cedo para afirmar se será realmente um recomeço, uma boa temporada, esperamos que sim e só o tempo dirá. Nos manteremos firmes e fortes, aqui. Vem com a gente 😉
Notinhas
- Negan não apareceu, apenas alguns Salvadores que dependem da ajuda de Maggie para sobreviver. Alguns estão muito gratos por estarem vivos, outros, aparentemente com saudades de Negan. Maggie e Daryl não estão nem um pouquinho felizes com essa situação e já deixaram claro que do jeito que está não fica;
- Ezequiel voltou a sua velha forma caricata e agora ele é um rei excêntrico e apaixonado. Quer casar com Carol, que gosta do cara, mas ainda não está preparada para brincar de casinha. Sabemos bem por tudo que Carol já passou, desde o comecinho, até um pouco do que rolava antes do apocalipse, então essa desconfiança, esse receio é completamente justificável. Mas que é fofo ver os dois juntos, isso é;
- O episódio foi bom, mas nem tudo são flores, parece que alguns vícios ainda se mantém. Qual foi a necessidade da cena do Ezequiel caindo? Só pra mostrar o beijo e nos mostrar que ele e Carol estão juntos? Outra coisa totalmente sem sentido foi, depois de tanto esforço para carregarem aquela carroça gigantesca, eles abandonarem lá com os cavalos por conta de meia dúzia de zumbis. Aquilo não fez nenhum sentido. Dava tranquilamente pra eliminar os zumbis e sairem com a carroça e os cavalos. Tudo aquilo foi só pra matar o moço e causar todo o rolo em Hilltop? Podiam ter se esforçados um pouco mais e feito algo mais plausível, não colou.