Game of Thrones – Winds of Winter (s06e10)

Depois de um longo e tenebroso inverno, estamos de volta! Todos preparados para o início da sétima temporada de Game of Thrones daqui a pouco? Nós aqui no Sem Piruá com certeza já estamos, mas antes disso vamos recapitular o que aconteceu no season finale da temporada passada.

Se o penúltimo episódio entrou para a lista de melhores de todas as temporadas, este aqui não só entrou como chegou atropelando e já é o meu episódio favorito de Game of Thrones, melhor até mesmo que o Casamento Vermelho. Tivemos de tudo aqui: mortes (provavelmente nunca tivemos tantas mortes quanto neste episódio), intrigas, reviravoltas, vinganças, surpresas e aquela sensação de “agora essa porra ficou séria”.

O início do episódio foi espetacular e o que veio depois também não ficou pra trás. Então vamos logo com a review e preparem-se: o inverno chegou!

*Contém Spoilers

Tudo começa em King’s Landing. Na verdade passamos um terço do episódio por aqui, entendendo como Cersei vai conseguir se livrar de sua condenação. São mais de 20 minutos muito bem montados, começando com o pessoal se vestindo para a “batalha” – Margaery e Tommen e suas coroas, Cersei assumindo sua fantasia de super vilã, até o High Septon escolhe sua túnica menos esfarrapada. Toda a ambientação, todo o clima que a produção consegue montar são incríveis.

Então Ser Loras Tyrell entra em cena, completamente destruído psicologicamente, confessando todos os seus “crimes” contra a Fé dos Sete, o que parece surpreender a quase todos – exceto o High Septon e Margaery. Então ele se dispõe a sair dessa vida de pecado e se dedicar aos modos e bons costumes e devotar sua vida aos deuses. Ele é marcado como os outros guardiões do templo (aí sim Margaery é surpreendida) e passamos a esperar o julgamento de Cersei.

Ela ainda está no seu castelo e quando o zumbi Montanha impede Tommen de sair de lá é que temos a certeza de que tem caroço nesse angu. Algumas dicas foram dadas ao longo da temporada de que Cersei tinha o controle de um estoque gigante de wildfire e que estava propensa a usá-lo. O que não imaginávamos era o poder de destruição daquilo, e o quão perfeito sairia seu plano.

Quando Margaery percebe que Cersei não viria a seu próprio julgamento e que isso queria dizer que ela não pretendia cumprir pena nenhuma, já era tarde. O High Septon ainda demorou mais para entender, mas já estavam todos trancados lá dentro. Essa sequência de Margaery realizando que a casa tinha caído, a impotência em não conseguir convencer ninguém e não conseguindo sair dali, toda essa angústia e BUM! tudo dizimado. Uma das famílias mais importantes do reino, dona do maior exército, sumiu do mapa em um segundo. Todos os militantes da fé, mortos. Até Kevan Lannister, o tio de Cersei que tentava manter o legado de Tywin e não confiava nela, morto. Todos os problemas resolvidos, certo Cersei? Agora é só viver feliz para sempre com seu filho rei. Só que isso tudo foi demais para o jovem Tommen, que numa das cenas mais inesperadas e bem construídas do episódio (mesmo sem nenhuma fala nesta cena), simplesmente se joga pela janela. E assim se vai o último herdeiro dos Lannisters.

E então vamos para Riverrun, onde os Freys fazem uma grande festa para comemorar a retomada do castelo dos Tullys. Lord Frey tem uma conversa amistosa (#sqn) com Jaime, tenta se comparar a ele. É um bom duelo de palavras, mas ao entrar num duelo desses é bom você se garantir. Apesar de tomar algumas porradas, Jaime sai por cima, e deixa claro a Lord Frey que ele só tem aquele castelo porque os Lannisters o ajudaram. E que se ele ficar sendo derrotado o tempo inteiro, não tem nenhuma serventia para os Lannisters. Touché.

Aquela garçonete que ficava o tempo inteiro entrando em cena, já tínhamos percebido que alguma coisa iria acontecer. Mas nunca imaginamos que seria tão grotescamente recompensador. Arya, usando todo o seu treinamento Faceless Men, serve a Lord Frey uma deliciosa torta de filhos (urgh!) e o mata ali mesmo, sozinha, sem ninguém para ver. A gente sabe que isso tudo é errado, mas não tem como não ficar satisfeito ao ver um dos personagens mais asquerosos de Game of Thrones morrer, ainda mais assim, sozinho. Logo ele, que sempre precisou ficar na aba de alguém, que tinha 800 filhos, morre sozinho.

De Riverrun vamos a Oldtown e um dos cenários mais bonitos de toda a série. Sam, Gilly e o pequeno Sam chegam bem na hora em que os corvos brancos deixam a Cidadela para avisar a todos que o inverno, depois de tantos avisos da família Stark, finalmente chegou. Sam entra no que parece ser o prédio principal da cidade (que por sinal é a cidade mais antiga de Westeros), e somos presenteados com um cara que poderia ser atendente de qualquer Detran do Brasil. Atolado em burocracia, ele deixa que Sam vá dar uma olhada na bibliotecazinha que eles tem por ali enquanto vai verificar a papelada e ver se Sam será aceito para o treinamento como Archmeister. Os olhinhos de Sam chegam a brilhar ao ver a quantidade de livros existentes ali e o quanto ele vai poder estudar e aprender. Mas corre, Sam, que o tempo está curto e a grande batalha está chegando.

Finalmente chegamos a Winterfell, onde Jon e Melisandre estão batendo um papo quando Davos chega com dois pés no peito dela e a acusa de assassinar a pequena Shireen, queimada na fogueira. Melisandre assume o que fez, num belo diálogo, que faz Jon perceber o quanto ela é perigosa. Como ela ainda não está 100% recuperada da perda de Stannis e de seus erros, não refuta nada do que é dito. Jon então emite a sentença e a exila, indicando que se algum dia ela voltar a Winterfell será executada. Davos, que apesar de tudo aceita a sentença de Jon, a avisa que ele mesmo irá matá-la se ela aparecer por ali. Melisandre vai embora, em direção ao sul.

Enquanto Jon garante que Melisandre foi embora mesmo, Sansa aparece e os dois irmãos tem uma boa conversa, e percebem que precisam estar juntos se quiserem ter alguma chance de manter a casa Stark de pé. Procuram chegar a algum entendimento sobre quem deve liderar Winterfell – um parece jogar a responsabilidade para o outro, mas eles se esquecem que um líder não se faz só com nome ou com uma escolha a portas fechadas. Um líder é escolhido pelos seus comandados, e quando isso ocorre não há como fugir.

Sansa vai para a árvore onde costumava rezar para ir embora de Winterfell quando era criança e Littlefinger aparece e já joga a real: o que ele quer é sentar no Trono de Ferro, com ela a seu lado. Sansa não diz nem que sim nem que não, muito pelo contrário. É difícil de ler as intenções dela hoje em dia, aparentemente ela amadureceu mesmo, entende muito melhor o jogo, mas a gente fica o tempo inteiro esperando ela voltar a ser a Sansa Sonsa de antes. Por enquanto parece que ela é a primeira que consegue dar a volta em Littlefinger, vamos ver como isso vai se desenrolar.

Pausa para Dorne. Lá temos Olenna Tyrell, a única sobrevivente de sua família, numa reunião com as inimigas eternas de sua casa, as Martell. Lady Olenna, ótima como sempre – é impossível assistir uma cena com ela sem gargalhar de como ela destroi intelectualmente todos a sua volta -, deixa bem claro que o que ela quer não é sobrevivência. Isso não tem mais chance de acontecer, ela está muito velha e sem nenhum herdeiro, sua casa não tem como sobreviver. Mas ela ainda comanda o maior exército de Westeros, e está sedenta por vingança. Para isso está disposta até a se unir a Dorne. Quando Varys aparece já dá para entender tudo: Os Martell e Tyrell estão se juntando a Daenerys. De repente, Daenerys, que não tinha nada, agora tem um exército gigante de Dothraki, mais os Martell e Tyrells ao seu lado, além de parte dos Greyjoys. Cersei, ficou pequeno para você, garota.

Falando em Daenerys, temos ela e Daario conversando, ela pedindo para ele ficar pra trás cuidando das coisas em Meeren. Ela sabe que chegando em Westeros vai precisar casar com alguém para selar aliança, e não pega bem levar o amante a tira colo. Depois ela conversa com Tyrion, uma conversa calma, franca e tranquila entre eles – algo bem raro para eles. Tyrion declara seu apoio eterno a Daenerys e é recompensado com um broche de Mão da Rainha. Tyrion finalmente consegue voltar a ter o que nunca queria ter perdido, o que virou a sua razão de viver. E receber esse broche foi bastante emocionante para ele, ter alguém que realmente confia em seu trabalho.

Já estamos chegando na parte final do episódio e temos mais uma visão de Bran – ou melhor, a continuação da visão mais aguardada da série. Bran vê seu pai, Ned Stark, subindo a Tower of Joy e encontrando ensanguentada na cama, mais pra lá do que pra cá, sua irmã, Lyanna Stark, a razão de tudo o que aconteceu em Game of Thrones até agora. Ela sussura a ele o que aconteceu (apesar de não conseguirmos ouvir) e pede que ele prometa manter segredo e cuidar da criança, que Robert não pode saber pois irá matar o bebê, e Ned sabe disso. Ned pega o bebê no colo, a câmera fecha nos olhos da criança e de repente temos o rosto de Jon Snow.

Pronto, foi resolvida a maior dúvida de Game of Thrones, algo que durava décadas, desde o lançamento do primeiro livro da série, a teoria de que R+L=J, Rhaegar + Lyanna = Jon Snow. Jon Snow é sobrinho de Ned e não seu filho. Lyanna Stark é sua verdadeira mãe e ele, além de Stark, é também Targaryen. Resta agora descobrir como é que ele mesmo ficará sabendo. Bran está perto da muralha, Winterfell não é muito longe dali. Acredito que será ele quem contará a verdade para Jon.

E agora vamos então para o final do final de temporada. Além dos selvagens, todas as casas do Norte e do Vale estão reunidas em Winterfell, onde Jon está organizando os próximos passos e a verdadeira batalha que está por vir, com os morto-vivos além da Muralha. Estão lá inclusive os chefes das famílias que se abstiveram da Batalha dos Bastardos, e são eles que começam a arranjar desculpas para não lutar mais, que querem mais é voltar para o conforto do lar, acender uma lareira, tomar um quentão e curtir esse inverninho gostoso que chegou. Isso é, até que Lyanna Mormont, do alto de seus longevos 10 anos, humilha todo mundo ali. Chama-os de covardes pra baixo, diz que sua casa é Stark forever, que #tamojunto com Jon e não importa que ele seja bastardo, ele é o comandante de Winterfell e com ele vamos pra qualquer lugar.

Os três lordes que estavam meio em cima do muro percebem que se quiserem permanecer relevantes no mundo, precisam fazer algo. Todos pedem mil desculpas, dizem que não ter lutado ao lado de Jon Snow é uma vergonha que terão que carregar até o fim de suas vidas e que agora também são #TeamJonSnow e o declaram o Rei do Norte – algo que já foi feito com Robb Stark. Todos se levantam e bradam Rei do Norte, enquanto Sansa e Littlefinger trocam olhares.

Depois do final do final da temporada vem o que? Um epílogo? Pode ser. E é a coroação de Cersei, futura ex-Rainha dos Sete Reinos. Jaime chegou a King’s Landing, viu a cidade em cacos, e não parece ter gostado muito do que viu, nem mesmo da coroação de Cersei. E depois, a frota de navios de Daenerys, gigante, qualhando o mar, com seus dragões voando em volta.

A promessa é de uma sétima temporada emocionante e cheia de conflitos. Quanto tempo será que Cersei irá durar? Em que momento os White Walkers voltarão à cena? Será que Daenerys precisará fazer um desvio e ir pro Norte ajudar seu sobrinho? (sim, Jon Snow é sobrinho de Daenereys!) Como Jon Snow ficará sabendo de seu passado? E quem será o próximo alvo de Arya? Logo logo teremos respostas a essas perguntas, e certamente muitas outras perguntas surgirão!

Notinhas

  • Agora Cersei tem ombreiras! Ninguém mais poderá tocá-la! Será ela agora uma Lord Sith?

  • Ainda deu tempo de uma torturazinha básica na Septa Unella, com um tanto de wineboarding. Mas não era isso que você queria, Unella? Que Cersei confessasse todos os seus crimes? Pois é, cuidado com o que deseja.
  • Como sempre, as coisas com Cersei são muito bem planejadas por um lado e completamente inconsequentes de outro. Ela conseguiu matar vários dos seus inimigos, ok. Mas por conta disso perdeu seu filho, não tem mais nenhum aliado (além dos Lannisters), e todo o reino quer ver sua caveira. Não foi nada esperta nessa, como sempre acontece com suas grandes decisões. Agora a corrida vai ser quem chega primeiro em King’s Landing, porque é só chegar e levar.
  • Pobre Margaery. Primeiro tentou virar rainha se casando com Renly e quando tudo parecia se encaminhar bem, ele foi morto. Depois foi se casar com Joffrey, então rei, e na festa de casamento ele é assassinado também. Bom, ainda temos Tommen, e dessa vez parece que nada vai atrapalhar. Mas foi arranjar treta com Cersei, e aí foi com sede demais ao pote, acabou morrendo. Adeus, três vezes quase rainha.
  • Jaime matou o Rei Louco (pai de Daenerys) pois ele ameaçou tocar fogo na cidade e matar todo mundo. Agora Cersei fez o mesmo – como será que ele vai reagir a isso? A primeira impressão não foi muito boa, ele pareceu meio enojado ao ver Cersei ascendendo ao trono.
  • Lá em Riverrun, uma coisa que só ficou mais clara depois que Arya se vingou dos Freys: era ela quem estava dando uma boa olhada em Jaime Lannister. Bronn achou que ela estava querendo um rock ‘n roll com Jaime, mas sabemos bem que Arya tem sua listinha e parece estar disposta a riscar os nomes dela um a um. Mas por que ela poupou Jaime? Será que ela vai atrás dele para King’s Landing? Tudo bem que Cersei tem uma lista enorme de inimigos, mas seria deveras interessante ver Arya sendo a responsável por tirar Cersei do jogo.
  • Os Freys são ainda mais abjetos que os Boltons, que apesar de terem conquistado Winterfell passando por cima dos Starks, apesar de terem Ramsay e Lord Bolton como dois sanguinários sádicos, ainda assim conseguiram o apoio de algumas famílias da região. Os Freys ficaram o tempo todo sozinhos, e foi isso que Jaime jogou na cara do velho Frey.
  • Arya matou Lord Frey e seus filhos. Mas o velho tinha uns 3 ônibus cheios de filho. Será que Arya conseguiu sozinha acabar com a casa Frey? Mais uma casa que se acaba neste episódio?
  • Acredito que Sam ainda vai ter um papel fundamental na grande batalha com os White Walkers. Ele já sabe que eles são vulneráveis a obsidian e a aço valiriano. O que mais ele conseguirá descobrir aqui? A última guerra contra os mortos além da Muralha foi a mais de 8 mil anos, e se tem algum lugar com alguma informação a respeito disso, é exatamente a biblioteca onde ele está.
  • Qual será o papel de Melisandre agora? É certo que ela será importante na guerra com os White Walkers, mas como poderá ajudar de longe? E para onde ela vai? Se juntar aos outros magos da Luz? Temos um com Sandor Clegane e outra com Daenerys. Acho que teremos uma festa da luz com todos eles.
  • Lady Olenna Tyrell era minha personagem favorita até essa temporada e parece que fica melhor a cada temporada. Mas depois que surgiu Lyanna Mormont, nada mais importa. Essa menina é muito f***. Vi alguém dizendo algo que não tenho como concordar mais: Se George R.R. Martin tivesse dado 3 dragões a Lyanna Mormont no começo da história, Game of Thrones teria acabado em 4 temporadas no máximo.
  • Esses dias assisti novamente a esse episódio para poder escrever, e o discurso de Lyanna Mormont é avassalador. De onde tiraram essa menina que é capaz de fazer isso na tela? A forma como ela quebra cada um dos lordes que se recusaram a seguir Jon na Batalha dos Bastardos é impressionante. O nome dela é em homenagem à mãe de Jon, imagina como será a relação dos dois depois que ficarem sabendo disso também.
  • Todos sabemos que não podemos nos apegar aos personagens de Game of Thrones. Isso só pode significar que Lyanna Mormont sofrerá uma morte terrível logo no começo da próxima temporada 🙁
  • Daenerys, Ellaria Martell, Olenna Tyrell, Cersei Lannister, Lyanna Mormont. Só as mulheres comandando agora. Com quem poderia Daenerys se casar para selar uma aliança? Só sobrou Jon Snow. Faz sentido, mas acho meio escancarado isso. Tomara que tenhamos reviravoltas por aqui também.

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