Game of Thrones – The Long Night (s08e03)

A Batalha de Winterfell finalmente chegou, e com ela a metade da temporada 😱

Foram 83 minutos de muita tensão, escuridão e imagem pixelada. Começamos agora o sprint final da série, mas antes vamos relembrar tudo o que aconteceu nesse episódio tão esperado.

*Contém Spoilers

Começamos com um longo plano sequência mostrando os preparativos da batalha. Praticamente todos os personagens importantes apresentam suas armas e aguardam aquela que pode ser a última noite de suas vidas. Tyrion vai para as criptas, Theon leva Bran para a Godswood, Jon e Daenerys vão para um posto avançado com seus dragões, Sansa e Arya nos muros do castelo e o resto vai para a frente do castelo: Tormund e os selvagens, Jorah e os Dothraki (com Ghost!), Brienne e Jaime com os cavaleiros do Vale e Greyworm com os Imaculados. A sequência termina como começou, com Sam finalmente se juntando a Edd na frente da batalha.

Eis que surge um cavalo, sozinho, com nada mais nada menos que Melissandre montada. Ela já começa botando fogo na cena, acendendo os arakhs dos Dothraki e ilumina tudo. Era o que faltava para finalmente começarmos a ação: Jorah os lidera em direção ao exército dos mortos, criando imagens espetaculares para quem assiste de camarote.

Tão impressionante quanto os Dothraki iluminando a paisagem são as luzes pouco a pouco se apagando, em meio ao silêncio. Em poucos minutos os sobreviventes voltam, entre eles Jorah, visivelmente machucado. Parecia que a mágica de Melissandre seria o prenúncio de que a vitória viria até mais tranquilamente do que o esperado, mas não foi bem assim.

Ela se recolhe para o dentro dos muros do Castelo e encontra Ser Davos – “não se preocupe em me executar agora, estarei morta ao amanhecer”. E também encontra Arya, que a reconhece de um episódio da terceira temporada, quando ela raptou Gendry para fazer umas poções mágicas para Stannis:

Se o plano original era Daenerys e Jon ficarem a distância esperando o Rei da Noite vir buscar Bran, isso vai pro ralo quando Daenerys vê seu exército Dothraki ser dizimado em pouquíssimo tempo. Ela monta em Drogon e parte pra luta. Jon não a deixa sozinha, sobe em Rhaegal e vai assar uns mortos. Ele então percebe onde estão os generais do Rei da Noite e vai lá já acabar com isso de uma vez. Mas então eles evocam uma grande nevasca, o que atrapalha muito os dragões, que não conseguem enxergar mais nada.

Arya, que já vê que a chapa está esquentando, pede para sua irmã também descer para as criptas, onde ficará mais segura. E dá a Sansa o mesmo conselho que recebeu de Jon ao receber Needle: “stick them with the pointy end”. Sansa aceita o conselho prontamente. Na Godswood, Theon pede desculpas a Bran, que, como já fez com Jaime, diz que tudo o que ele fez e o que aconteceu com ele era o que deveria acontecer para que eles estivessem hoje onde estão. Daqui a pouco ele vai escrever um livro de auto ajuda que vai ser um sucesso (ou não). Então ele resolve virar os zoinho, e entra nos corpos de um grupo de corvos, que sobrevoam a batalha e encontram o Rei da Noite, que finalmente dá a sua graça.

Enquanto isso o bicho pegava nas redondezas do castelo, tanto que temos nossa primeira morte notável. Edd salva Sam, mas não consegue se salvar, sendo atingido pelas costas e morto por um zumbi. Sam corre de volta para o castelo. Com exceção dos Imaculados, o resto dos vivos decide que é hora de recuar. Davos sinaliza para Dany incendiar as trincheiras, mas com toda aquela neblina, nem ela e nem Jon conseguem enxergar. Greyworm então lembra de como Melissandre acendeu os arakhs e a convoca para resolver a situação, já que nem Arya ou o restante dos arqueiros conseguem fazer suas flechas atearem fogo às trincheiras. Melissandre, depois de muito custo, consegue, em cima do laço.

Parece que os zumbis foram detidos, não é? Ahn, não. Em pouco tempo eles se jogam em cima da trincheira, até que um pequeno monte deles acabe apagando o fogo por ali e abra um caminho. Foi apenas o suficiente para respirar e agora eles já estão na beirada dos muros, no melhor estilo World War Z.

Talvez essa seja a maior concentração de personagens importantes por metro quadrado de toda a batalha: Jaime, Brienne, Tormund, Pod, Davos e Arya estão lado a lado, aproveitando a vantagem da posição mais alta para matar um zumbi atrás do outro. Mas não leva muito tempo para que alguém falhe e os zumbis consigam furar o bloqueio. Arya então começa sua dança (primeira lembrança de Syrio Forel, seu professor da primeira temporada, em King’s Landing), matando vários e vários zumbis. O Cão, com seu trauma de fogo já batendo fundo de escala, fica paralisado. Beric se aproxima e tenta o tirar do estupor, mas só consegue quando mostra a ele o que Arya está fazendo.

No pátio do castelo, o gigante zumbi, adquirido pelo Rei da Noite na batalha de Castle Black, nos lembra que nada é tão ruim que não possa ser piorado. Já chega jogando Lyanna Mormont longe. A pequena, já toda torta, vai com tudo pra cima do gigante, que a pega com uma mão e começa a esmagá-la. Dá pra ouvir os ossos quebrando! Mas Lyanna não é qualquer uma e com seu último suspiro crava uma adaga no olho do gigante, que se desintegra.

Jon e Daenerys, com seus dragões quase sem utilidade na batalha, resolvem subir acima da névoa para descobrir onde o Rei da Noite está se escondendo. Só o descobrem tarde demais, com um ataque surpresa em direção a Dany e Drogon, mas ele foge logo depois. Ele vai em direção ao castelo, derrubando uma parte do muro e do próprio castelo. Jon e Rhaegal o atacam antes que ele possa pousar e finalmente temos uma briga de dragões! Jon, se dividindo entre se segurar para não cair e desviar dos ataques do Viserion zumbi, parece indefeso. Mas Dany vem a seu socorro e Drogon consegue derrubar o Rei da Noite, que cai majestosamente no meio do campo de batalha vazio.

Hora de Daenerys acabar com essa conversa furada, lançando seu famoso Dracarys sobre o Rei da Noite. De dentro das chamas ele dá seu melhor sorriso de Monalisa, para desespero de Dany, que precisa fugir antes do Rei da Noite matar mais um de seus dragões.

Jon, que já desceu do machucado Rhaegal, percebe que é a sua vez de tentar salvar o dia. Ele vai em direção ao Rei da Noite, de Longclaw em punho. O malvadão, com toda a calma, começa a erguer os braços e todos se lembram de Hardhomme, inclusive Jon, que desesperadamente tenta chegar antes que um gigantesco batalhão de mortos vire zumbi, mas já é tarde demais. Dany ainda o ajuda abrindo um caminho mais ou menos seguro com Drogon, mas o Rei da Noite já está muito a frente, à procura de Bran.

Nas criptas, Sansa e Tyrion conversam bastante, mas diferente de Blackwater, eles ainda não perderam as esperanças. Eles lembram dos “bons tempos” em que foram casados, e ao questioná-lo sobre a ambiguidade de sua potencial dupla aliança com os Starks e com Daenerys, é interrompida por Missandei, que deixa claro que se não fosse Daenerys, eles não teriam chances. Tem mais treta por aí para os próximos capítulos. A batalha lá fora come solta, e eles mostram que tem muita consciência de qual é o papel deles, inclusive se recusando a abrir as portas quando algumas pessoas desesperadas tentam entrar, até que os gritos se silenciam. Quando o rei da Noite acorda os mortos, nos lembramos que eles estão nas criptas! Os defuntos Stark também se levantam e começam a atacar quem está ali. Sansa e Tyrion decidem fechar as cicatrizes que ainda restam, e se juntam aos outros para defender seus colegas de confinamento.

Arya entra no castelo, exausta e fugindo da horda de zumbis. Entra na biblioteca pensando em se esconder, a la Jurassic Park. Depois de vários olés e de várias vezes acharmos que “agora ela dançou”, ela sai da biblioteca e fecha a porta. Mas esses zumbis nem perdem tempo tentando aprender a abrir uma porta, eles vão lá e criam uma mesmo. Dondarrion e o Cão, que estavam tentando achá-la, conseguem a proteger, todos correndo como se não houvesse amanhã – até porque não existe nenhuma garantia de que haverá mesmo. Beric vai ficando para trás, fazendo um escudo humano de um homem só, e consegue atrasar os zumbis, ao custo de muitos ferimentos. No final eles conseguem se refugiar no que parece ser a sala onde montaram a estratégia para a guerra. Lá eles encontram Melissandre, e Dondarrion não resiste aos ferimentos.

E de repente tudo faz sentido para a Sacerdotisa Vermelha. Ela entende que Beric só foi ressuscitado tantas vezes pelo Deus da Luz por causa desse momento, para salvar Arya. Elas relembram da conversa de quando se conheceram, muito tempo atrás: “Você me disse que eu fecharia muitos olhos para sempre” – “olhos castanhos, olhos verdes… olhos azuis”! E ainda da primeira lição de seu professor Syrio Forel: O que dizemos para o Deus da Morte? Not today! Depois dessa conversa, uma coisa era clara para quem assiste ao seriado desde o começo: ou Arya mataria o Rei da Noite, ou morreria em 5 minutos.

Daenerys, que por algum motivo pousou com seu dragão no meio de uma população de zumbis, não consegue decolar, já que Drogon está sendo escalado por todos aqueles mortos. Ela precisa descer, pois Drogon vai chacoalhar o esqueleto pra tentar se livrar daquele ataque, e torcer para sobreviver deixando Dany indefesa no meio do campo de batalha. Eis que surge Jorah, em seu cavalo branco, quer dizer, com a espada que Sam lhe emprestou. Disposto a proteger Daenerys a qualquer custo, ele a entrega uma outra espada, e os dois começam a lutar contra todos aqueles mortos. Daenerys, apesar de não se sair tão bem quanto Jorah, consegue se virar, surpreendentemente. Mas Jorah toma muita porrada e parece que não vai aguentar mais.

Jon, tentando alcançar o Rei da Noite, fica preso no pátio do castelo, com Viserion o impedindo de chegar perto. Ele precisa procurar abrigo, e fica sem ter pra onde correr.

Os mortos já cercam Bran, que continua lá em sua experiência extra corpórea. Theon e os Greyjoys resistem bravamente, lançando flechas numa frequência absurda. Alguns amigos caem a sua direita, outros tantos a sua esquerda, mas Theon segue de pé. Até que suas flechas acabam e ele se vê como o último dos defensores de Bran. Ele nem titubeia, usando o próprio arco como arma, matando mais alguns zumbis. Eis que o silêncio que precede o esporro chega. Os White Walkers aparecem, abrindo caminho para o Rei da Noite. Theon, como último sobrevivente, recebe o aval que precisava de Bran: “Theon, você é um bom homem”. E parte com tudo para cima do ser mais poderoso dos Sete Reinos e Além da Muralha, com apenas um arco. Obviamente ele é facilmente vencido pelo Rei da Noite, que já sente o cheiro da vitória. Enquanto ele saboreia o momento, um de seus generais sente algum ventinho estranho. O Rei da Noite começa a desembainhar sua espada quando é surpreendido por Arya, voando em sua direção. Ele consegue pegá-la pelo pescoço e a pela mão que segura a adaga, em pleno ar. Arya, sem respirar direito (nem ela, nem ninguém aqui), faz aquele golpe de ilusionismo, deixa a adaga cair, a pega com a outra mão e a enterra na barriga do Rei da Noite, que explode em mil pedacinhos de gelo.

Todos os White Walkers explodem na sequência, e os zumbis voltam a ser apenas mortos normais. Inclusive Viserion, que estava prestes a decepar Jon. Jorah, já sem forças, também vai ao chão. Ele não resiste à batalha, e deixa Daenerys inconsolável. Até Drogon aparece para acalmar a mãe.

Ao amanhecer, Melissandre cumpre sua promessa: larga seu colar mágico e segue caminhando, voltando à forma decadente de Mumm-Ra, e depois ao pó.

Com o fim da ameaça zumbi, voltamos à programação normal da guerra dos tronos. Cersei tem um exército de mais de 20 mil homens, prontos para se aproveitar deste momento em que o Norte e Daenerys estão fragilizados depois de tantas perdas. O que mais falta acontecer nesses últimos 3 episódios? Em breve saberemos.

Notinhas

  • O ponto baixo do episódio foi sem dúvida a qualidade da imagem. Não sei porque diabos a compressão para TV a cabo (e parece que na HBO Go também) estava tão forte e mal feita. É até um desleixo deixar um episódio que levou quase dois meses de filmagem, custou uma grana absurda, ser entregue com essa péssima qualidade de imagem.
  • Além da grande sequência sem cortes do início do episódio, algo bastante incomum em Game of Thrones, temos nesse episódio grandes períodos sem diálogos. Apenas a escuridão e o som da batalha em si. Tudo isso só aumenta a tensão, já que os mortos podem aparecer a qualquer momento, de qualquer lado, e aos milhares.
  • Tudo no episódio é feito para nos deixar na ponta do sofá. Como em Game of Thrones ninguém está a salvo e tudo pode acontecer, cada golpe pode ser o último, de qualquer personagem. Normalmente você assiste um seriado normal pensando em “nossa, como ele vai escapar dessa?”, mas sabendo que de alguma forma o personagem vai se safar. Em Game of Thrones a sensação é inversa, é algo como “é, esse aí já era”, e de vez em quando eles conseguem escapar.
  • Esse episódio é tão impactante que achei que Sansa e Tyrion, quando este beija a mão dela, tinham decidido se matar. Na verdade agora me parece que eles estavam era selando um pacto de “vamos lutar juntos até o fim”. Teria Sansa conseguido, no meio desse caos, um importante aliado para a posição do Norte – e por consequência para Jon Snow perante o trono?
  • RIP
    • Edd: você foi um dos primeiros amigos de Jon na Muralha e era o Comandante da Patrulha da Noite interino. Aqui sua vigília termina.
    • Lyanna Mormont: uma pequena gigante, nunca deixou de falar e fazer o que achava certo e acabava convencendo a todos, não só com palavras, mas com ações. Teve uma morte honrosa, e com ela se acaba mais uma Casa do Norte.
    • Beric Dondarrion: ressucitado 18 vezes para finalmente morrer protegendo a pessoa que vem a matar o Rei da Noite. Cumpriu com louvor os desígnios de seu Deus da Luz e pôde finalmente descansar em paz.
    • Jorah: encontrou um propósito na vida e voltou a ser um cavaleiro merecedor desse título. Morreu feliz, defendendo e salvando sua amada rainha.
    • Theon: talvez ninguém nessa história sofreu tanto quanto ele, ou cometeu erros de maiores proporções do que ele. E certamente ninguém superou isso tudo tão bem quanto ele. Morreu como um Greyjoy e como um Stark, como deveria ter sido durante toda a vida.
    • Melissandre: odiada por muitos, errou quase todas as interpretações das profecias que apareciam. Mas foi a responsável pela volta de Jon Snow, e por fazer Arya acreditar que era ela mesma quem deveria resolver toda essa parada. Ainda conseguiu sair de cena nos seus próprios termos.
  • É importante prestar atenção a todo o arco de Arya desde o início da série, mas especialmente neste episódio. Foi tudo pensado para nos lembrar do que ela e os zumbis são capazes. Só ela consegue se movimentar sem chamar a atenção dos zumbis, quando mesmo um simples gotejamento já seria o suficiente para entregá-la. Somente ela era capaz de lutar de olhos vendados, lá na House of Black And White, podendo se deslocar mesmo na mais absoluta escuridão. Ela é capaz de grandes saltos e acrobacias. Ela é capaz de improvisar numa luta, como foi o treino dela com Brienne na temporada passada, quando também trocou a adaga de mão.
  • Do outro lado, desde quando Sam matou um deles, sabemos que os White Walkers são vulneráveis a aço valiriano e a dragonglass. Eles são extremamente poderosos, mas ao mesmo tempo são bastante frágeis quando atacados de perto e com a arma correta. Se Sam pode matar um White Walker, Arya pode tranquilamente matar o Rei da Noite.
  • Então esse discurso de que o Rei da Noite morreu muito fácil, ou que Arya não era boa o suficiente para esse trabalho, pra mim é pura balela. E parece que tem um bocado de gente que concorda (tá, eu sei que o vídeo é fake, mas é divertido, vai!)
  • Mesmo com o episódio basicamente no fim, e aquela sendo a única chance de não morrer todo mundo, no momento em que o Rei da Noite segura Arya pelo pescoço, cheguei a achar que não daria, que precisaríamos de outra Arya. Ufa, foi por pouco.
  • Precisamos falar sobre Bran. Muita gente ficou enfurecida por ele não fazer absolutamente nada neste episódio. Mas esse é o Bran, ele não faz nada. Ele já viu tudo o que aconteceu, vê tudo o que está acontecendo, e tem uma boa ideia de tudo o que vai acontecer. Ele vai simplesmente se posicionar no local correto, dar uma ou outra direção para o pessoal, e só. Esse é o poder dele. E todo esse conhecimento é o que fazia ele tão valioso para o Rei da Noite. Como a conversa entre Bran e Sam no episódio anterior explicou, Bran é de certa forma a representação da humanidade, ele é a guerra que o Rei da Noite queria ganhar. Adicionando Bran ao seu exército, o Rei da Noite seria basicamente invencível.

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