Game of Thrones – The Bells (s08e05)

O fim se aproxima, e com ele muita controvérsia. O penúltimo episódio de Game of Thrones trouxe a tão esperada última batalha da série e ainda muita coisa para se resolver no derradeiro episódio.

Teve muita gente que não gostou do que aconteceu e outros que gostaram. Continue a leitura se já tiver visto e descubra de que lado estamos aqui no Sem Piruá!

*Contém Spoilers

O episódio começa com Varys escrevendo cartinhas para os sete reinos sobre quem é o verdadeiro herdeiro do trono, quando é interrompido por uma garotinha espiã, que o avisa que Daenerys não tem se alimentado direito e não está muito bem desde a morte de Missandei.

Logo Jon chega à Dragonstone, onde é recebido pelo próprio Varys ainda na praia. Na conversa Varys deixa claro que sabe da história de Jon/Aegon, e que acredita que o melhor é Jon assumir o trono. E declama a já famosa lenda de que sempre que um Targaryen nasce, os deuses jogam uma moeda pra cima e o mundo prende a respiração. Mas que a moeda de Jon já deu resultado embora ele ainda não esteja convencido do resultado para Dany. Jon reafirma seu compromisso com Dany e sua falta de interesse em sentar no Trono de Ferro.

Tyrion, que assistia a tudo de longe, corre contar a Daenerys que temos um traidor no movimento. Ela diz que Jon é o traidor, mas Tyrion conta sobre Varys. Ela explica para o baixinho que Varys é um traidor, mas também Jon o é, e que todos eles foram manipulados por Sansa. Tyrion comenta que, por ser o Mão da Rainha, ele deveria ter ficado sabendo disso por ela, e que Varys também deveria saber, no que tem razão. E ela tem razão também em dizer que Tyrion deveria ir primeiro a ela para só depois, se permitido, falar com Varys. Enfim, é complicado. Dany ainda ameaça Tyrion mais uma vez.

Na calada da noite, os guardas e Greyworm vão buscar Varys, que já sabe que sua batata assou. Tyrion deixa claro que foi ele o dedo duro, e Varys diz que torce para estar errado e merecer esta morte. Dany nem pensa duas vezes, chama Drogon e manda um Dracarys pra fazer churrasquinho de aranha.
Depois ela e Greyworm estão nos aposentos da rainha, lembrando de Missandei. Dany entrega a ele a coleira que foi de sua mulher, como sendo o único pertence que ela tinha. Ele atira a coleira ao fogo, como quem diz “sua morte será vingada e você nunca mais será uma escrava”. Jon chega e fica a sós com Daenerys, para uma conversa super amigável e sem nada de climão.

Ela joga na cara dele que Sansa conseguiu o que queria ao passar para a frente a informação sobre as origens de Jon. Ele, pela milésima vez, reafirma seu amor e compromisso de abdicar do trono por ela, e diz que ela será sempre a sua rainha. Dany tenta beijá-lo e ao perceber certa resistência, pergunta se é só isso o que ela é, a rainha dele. O silêncio ensurdecedor de Jon é a deixa para ela concluir que acabou a paz, e que se agora é na base do medo, podem deixar com ela.

Durante os preparativos para a ofensiva, Tyrion tenta novamente convencer Dany a não queimar todo mundo em King’s Landing, mas ela já não ouve mais ninguém. Ele então tenta um meio termo, caso as tropas se rendam, ela desiste de botar fogo em tudo. Ela aceita, mas não convence muito.

Tyrion parte então para mais um plano mirabolante. Convence Davos a conseguir uma rota de fuga de King’s Landing e vai atrás de soltar Jaime, que Daenerys lhe disse ter sido feito prisioneiro recentemente. O anão vai até o acampamento, convence os guardas a o deixar a sós com seu irmão. Ele também precisa se esforçar para convencer Jaime a pelo menos tentar falar para Cersei se render, ou então a fugir com ela. Jaime, que só foi preso por não esconder a mão dourada, confirmando ser o mais burro dos Lannister, acaba aceitando. Os dois se despedem, sabendo que é uma despedida final e declaram seu amor fraternal. Os dois sempre se orgulharam genuinamente um do outro.

Ali por perto, Arya e o Cão pretendem passar pelas tropas e ir para o castelo. E facilmente convencem um dos soldados a dar passagem, com uma bela carteirada – sou Arya Stark, ele é o Cão, e vou matar a Cersei. Se você quer ter uma chance de não precisar colocar o seu na reta na batalha amanhã, deixe a gente passar. Funcionou.

A hora da briga está chegando, o batalhão da Companhia Dourada se dirige para a frente do castelo enquanto o povo (além de Arya, o Cão e Jaime) tentam entrar nos portões. Euron e sua frota também estão a postos, na baía do outro lado do castelo. Daenerys aparece, vindo da direção do sol para dificultar sua identificação (finalmente uma decisão inteligente no uso dos dragões na guerra!), e usando a mobilidade de Drogon e a falta de agilidade dos arpões, consegue dizimar a Iron Fleet em poucos movimentos. Depois que ela pegou o jeito de lutar contra esses arpões, já sabíamos que a batalha seria muito rápida.

A Companhia Dourada está ali na frente do castelo, aguardando o ataque dos Imaculados, Dothraki e nortistas. Daenerys, que já tinha combinado com Greyworm para só atacar quando recebesse o sinal, chega com Drogon por trás das forças inimigas e destroi os portões e boa parte do exército numa só baforada. Depois vem de lado passando fogo em todos os arpões, sem que eles tenham nem chance de disparar contra ela (puorra, até que enfim, ela está pensando em como usar o dragão com a máxima eficiência e risco mínimo!). Era o sinal que suas forças estavam esperando. A carnificina começa, muita gente queimada e o que sobra é rapidamente dizimada pelas forças de ataque, que em pouco tempo já se encontram dentro dos portões, de cara com o exército Lannister.

Cersei, do alto da torre, assiste a tudo impassível e completamente desiludida. Qyburn surpreende ao aconselhá-la a sair dali e, mesmo diante da recusa, continua ao lado de sua comandante. Ela procura algum fiapo de esperança e é sempre contrariada por seu conselheiro, mas segue ali, firme e forte, toda trabalhada na cegueira de que a virada está chegando.

Quando os exércitos de Jon, Greyworm e Davos se encontram com os capas vermelhas dos Lannisters, rola mais um momento de tensão. Mas Drogon pousa sobre o que restou dos muros do castelo, e os soldados entendem que não resta mais nada a não ser se renderem. Os sinos finalmente tocam, para alívio de Tyrion e Jon. Mas Daenerys, já chamuscada de tanto aspirar cinzas, decide que a diversão está apenas começando. Drogon levanta voo e o caos começa. Destruição para todo lado. Greyworm entende o recado e começa a atacar as forças rendidas dos Lannisters.

Jaime ainda precisou dar a volta no castelo e entrar por onde iria sair. Mas lá encontra Euron e os dois entram numa briga que vem se construindo há muito tempo, desde o primeiro encontro entre eles. A briga é parelha, mas Euron consegue fincar uma adaga na barriga de Jaime, que ainda consegue alcançar a espada e, após mais uma facada na lateral do abdome, consegue fincar sua espada em Euron, que, como não podia deixar de ser, fica com a última risada, por ter sido o responsável pela morte de Jaime.

Arya e o Cão conseguem chegar ao hall dos mapas. O Cão consegue convencê-la a não prosseguir com a vingança, que ela não deveria deixar isso a consumir para não se tornar na mesma pessoa que ele era, já que Cersei iria morrer de qualquer jeito. Arya entende o recado e se despede do Cão, que vai encontrar o seu destino, o tão esperado Cleganebowl!

Ele encontra Cersei e seu séquito descendo as escadarias procurando abrigo e depois de um Hello big brother!, e de despachar meia dúzia de cavaleiros, atiça o que resta de humanidade em seu irmão, que passa a desobedecer seu Franken-mestre e o joga longe, o matando. Cersei percebe a deixa e sai de fininho. É chegada a hora da briga. Mesmo com a força descomunal do Montanha, com espadadas capazes de partir pedras ao meio, Sandor consegue lutar de igual pra igual com seu irmão, arrancando o capacete e finalmente que o atravessando com sua espada. Como em Game of Thrones não tem filme de zumbi, ele se surpreende ao ver que seu irmão mal sentiu o golpe, tira a espada e joga ela e o Cão longe. A briga continua, e de repente Sandor se vê no lado ruim da tradição montanhosa de afundar os olhos do oponente até explodir os miolos. Já meio cego e quase sem forças, ele consegue enfiar uma adaga no olho do Montanha. Fim de luta, certo? Fuckin die, não é mesmo?

Não. Como em Game of Thrones não tem filme de zumbi, uma faca atravessando o cérebro não é suficiente para acabar com o Montanha. Ao ver tudo ruindo em volta deles, Sandor realiza que não tem outra forma de acabar com isso a não ser jogando o irmão e morrendo abraçado com ele no fogo lá no pé da torre. Uma morte digna e satisfatória para ele, com uma fotografia impressionante.

Nessa hora Cersei encontra o irmão no mesmo hall dos mapas de onde Arya acabou de sair. Ela percebe que a coisa está feia pro lado dela, e ainda pior para ele, já que os ferimentos causados por Euron são bem graves. Eles procuram a saída que os deixará a salvo, apenas para encontrá-la bloqueada, sob a Fortaleza Vermelha desmoronando. Eles se abraçam, se olham e se resignam. É o fim do casal gêmeo, e sobram apenas um ao outro.

Do lado de fora, Daenerys segue tocando fogo no parquinho, Jon e Tyrion meio sem captar como aquilo foi acontecer, e Arya se dividindo entre desviar de prédios caindo, se salvar e salvar o que der da população. Jon chega até a matar um nortista que tentou estuprar uma mulher local. Corpos queimados, mutilados por todo lado, pessoas chorando seus mortos, cenas fortes para todos. Jon decide que já viu o suficiente e bate em retirada antes que ele e suas forças também virem churrasco. Arya, depois de fugir da morte mais meia dúzia de vezes, desmaia e só acorda quando tudo se acalma. Um cavalo branco aparece, meio chamuscado mas vivo. Ela acalma o bicho, monta nele e parte rumo ao infinito, talvez para cumprir sua última promessa, de matar a rainha.

E é isso. Mais um episódio que dividiu opiniões, mas que pelo menos deixou bastante coisa a ser resolvida na semana que vem. Quem ficará com o Trono de Ferro? Qual será a relação de Daenerys com todos os outros: Jon, Tyrion, Arya, Sansa… Conseguirá ela reinar pelo medo? Ou nem mesmo o medo será suficiente para mantê-la de pé? Todas as respostas virão no domingo, e nós do Sem Piruá estaremos aqui logo na sequência para contar tudo o que aconteceu.

Notinhas

– Quando Varys entende que sua hora chegou, primeiro se livra das provas e depois guarda seus anéis. Provavelmente um símbolo de que morreria da forma como nasceu, sem posses. Esse tema de volta às origens foi bastante recorrente no episódio, como a morte de Jaime e Cersei, e do Cão e Montanha.
– Varys tem um arco interessante na série. Ele sempre foi o conspirador, começou como par dramático de Littlefinger. No início parecia que sua motivação era o poder pelo poder, assim como Littlefinger. Ao longo das temporadas, com suas escolhas, parece mesmo fazer sentido o que ele dizia, que seu objetivo era sempre o que fosse o melhor para o povo dos Sete Reinos. As traições ao Rei Louco, a Robert Baratheon (que só queria saber de beber, caçar e trepar), a Joffrey e Cersei, até Daenerys e agora Jon, ele sempre pareceu jogar contra o rei da vez quando este parecia estar jogando contra o povo.

– Daenerys está completamente sozinha. Jorah, seu mais confiável e experiente conselheiro, morreu. Missandei, outra pessoa com experiência diplomática de lealdade absoluta, também morreu. Rhaegal, seu segundo filho, morreu. Ela não confia em mais ninguém. Os últimos 100% leais a ela que ainda vivem são Greyworm (que só consegue contribuir quando o assunto é guerra) e Drogon. Se a única ferramenta que você tem é um martelo, tudo vira prego.
– A rejeição de Jon é só a gota d’água que transborda o balde. Acredito que até aquele momento, ele ainda a amasse verdadeiramente. Mas o temor já tinha passado o amor, e ainda tem a questão do incesto, que certamente estava na cabeça dele – ele foi criado pelos Starks, isso não é normal no Norte. Foi quase que um pedido “Jon, fique ao meu lado, submisso a mim e me ajude a controlar isso”. Acredito que a ativação do gatilho para Dany não foi a desilusão amorosa, foi a desilusão de poder. De compreender que, ao contrário de Jon, ela nunca seria amada e idolatrada em Westeros e que o temor que ela pode trazer ao mundo é possivelmente mais forte do que isso.
– Muita gente dizendo que Daenerys virou a Rainha Louca. Não compro essa teoria 100%. Se a rejeição de Jon foi a gota d’água, não podemos esquecer que o balde já estava cheio. Talvez ela não esteja louca, talvez ela seja racional, só que do jeitinho dela. O Rei Louco quis queimar King’s Landing pois sabia que a guerra estava perdida, e se ele não teria o reino para ele próprio, ninguém teria. Daenerys está usando a destruição da cidade como uma ferramenta. Ela só conseguirá governar na base do medo. E esse medo só será possível com atos grotescos como matar 20 mil pessoas em questão de minutos. É assim que ela espera que os Sete Reinos a respeitem, é assim que ela espera convencer Jon, Tyrion e os Starks a não tentarem nada contra ela. Se não é na base do amor, que seja na base do medo.
– Essa estratégia ela já usou diversas vezes e quase sempre perdeu a mão. Os motivos podiam ser nobres, mas a ação era muito desproporcional – e os efeitos nunca eram duradouros. Foi assim com as cidades escravocratas de Essos. Ela foi impiedosa por aqueles lados e fez muitos inocentes sofrerem. Essa parte nunca foi um impedimento para ela.

– Também não adianta querer jogar a culpa dessa “virada” de Dany nos produtores da série. As visões de Bran e de Dany corroboram o que aconteceu em King’s Landing. Bran viu o dragão sobrevoando as casas. Dany também viu, e ainda viu a sala do trono destruída e coberta de “neve”. O que aconteceu com Dany já estava decidido há muito tempo.
– Isso é uma das coisas que torna Game of Thrones o que é. Apesar de parecer um plot twist, é algo que foi construído ao longo dos anos e que faz sentido e estava lá para todo mundo ver. Às vezes não queremos acreditar que aquilo vai acontecer, seja a morte de Ned, o casamento vermelho, o sacrifício de Shireen e até mesmo a morte de Jon. Mas é o que faz sentido, são as consequências dos atos desses personagens e dos personagens em volta deles. Estranho seria se fosse diferente.
– O mote da casa Targaryen é Fire & Blood. E fire and blood é o que Dany trouxe.

– Tyrion passou o episódio inteiro andando entre corpos e certamente pensando onde é que foi amarrar seu leãozinho. Ele está em estado de choque, e já percebeu que Varys é que tinha razão.
– O fim dos gêmeos Lannister foi outro ponto de discórdia entre os fãs. Muitos dizendo que ela merecia um fim muito pior do que morrer abraçada ao seu grande amor. O lance dela sempre foi o poder. Ela foi preterida por Rhaegar (o Rei Louco preferiu casar o filho com os Martell do que com Cersei), se casou com Robert e o matou para ter o reino (via Joffrey). Depois da morte de Joffrey e dacaminhada da vergonha, fez de tudo para ter o reino novamente sob controle. Aí o resto dos filhos morreu, e o reino estava firme sob seu controle. Mesmo vendo tudo desabar, se recusava a ir para um abrigo (ao contrário do que fez na Batalha de Blackwater, por sinal, quando ainda não era tão forte). Morrer sozinha, sem pompa, simplesmente soterrada, e ainda por cima na cercada de caveiras de dragões, tem seu simbolismo também. E mesmo ela não era 100% malvada, isso não existe em Game of Thrones. Ela era humana, e morreu junto com o irmão, da mesma forma que tudo começou.
– Um final da Disney para Jaime e Brienne não estava na mesa, obviamente. Não dá para torcer por um final feliz para Jaime/Brienne ou Jon/Daenerys e ao mesmo tempo criticar as decisões tomadas pela produção desde que o material base dos livros não estava mais disponível. Para esse pessoal, só resta desejar boa sorte na torcida para que o final dos livros seja menos sangrento do que o da série de TV.
– Apesar de discordar, entendo pessoas que não tenham gostado dos acontecimentos com Daenerys ou com Cersei. Mas Cleganebowl deve ser uma unanimidade, certo? A medida certa de brutalidade, momentos engraçados, cenário espetacular e fechamento. Totalmente excelente.

– No meio do fogaréu causado por Daenerys em King’s Landing, podemos identificar várias explosões de fogo verde, que é o wildfire que seu pai escondeu por baixo da cidade. Tyrion e depois Cersei encontraram uma parte em temporadas anteriores, mas o estoque do Rei Louco era muito grande e o que tinha sobrado explodiu só agora.
– Uma das coisas que pode ter passado batido para a maioria é que Daenerys quis invadir King’s Landing antes mesmo do exército de Dorne chegar, onde agora vive um novo príncipe. Dorne é a terra dos Martell, de Oberyn, das suas filhas e de sua amante. Eles tem uma história complicada com os Targaryen – a irmã de Oberyn era casada com Rhaegar e foi abandonada quando ele fugiu com Lyanna Stark, o que faz a relação deles com os Starks também ser complicada. E mais complicada ainda com o próprio Jon, que é o fruto dessa fuga/traição. Claro que a relação deles com os Lannisters não é das melhores, como podemos lembrar pela briga entre Oberyn e a Montanha, que foi quem matou sua irmã e sobrinho a mando de Tywin Lannister, além de Oberyn ter morrido tentando defender Tyrion e das Sand Snakes com Ellaria, que envenenaram a filha de Cersei. Eles devem chegar a King’s Landing no próximo episódio, será que dará tempo de explorar esse pedaço da história?

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