Game of Thrones – Red Woman (s06e01)

Jon Snow está morto mesmo? E o resto do pessoal? Sansa, Stannis? O que vai ser de Daenerys e de Tyrion? Como vai ser a recepção de Cersei para Jaime e sua filha morta? Essas e muitas outras perguntas foram deixadas no ar ao fim da quinta temporada de GoT e todas elas foram respondidas de alguma forma neste primeiro episódio da nova temporada.

O episódio foi um pouco abaixo da média do Game of Thrones, o que significa que foi só bom pra caramba. Minha primeira impressão era de que pouca coisa tinha acontecido no episódio, mas na verdade me enganei. Parece que passamos até por mais cenários do que o habitual para um episódio, talvez isso tenha tornado algumas das coisas meio superficiais. Seja como for, continuo esperançoso de que a temporada será muito boa de novo.

Está estranhando o “esperançoso” e quer saber o que aconteceu com a Mônica Martins? Calma, está tudo bem com ela, ela só foi ali alimentar os cães e já volta. Sou um colaborador “por baixo dos panos” do Sem Piruá desde o início dos tempos sempiruazísticos e domingo a noite ela me convidou para fazer a review do primeiro episódio. OK, vamos ver no que vai dar. Se vocês gostarem, eu continuo fazendo o resto da temporada. Se não gostarem eu devolvo o espaço para ela – e talvez ela me jogue de comida para os cães também. Comentem e nos contem o que acharam do episódio e da review!

*Contém Spoilers

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O episódio começa onde terminou a temporada anterior: Jon Snow, morto, na neve, com uma poça se sangue embaixo (será um dragão?). Davos e alguns dos seus amigos recolhem o corpo (onde estavam durante a noite que não ouviram nada do que aconteceu debaixo das suas janelas?), e resolvem fazer um motim. O líder dos assassinos se explica para o resto da Night Watch dizendo que não vai ter golpe. Não tem apoio unânime mas consegue a maioria e, olhe que alto nível, não teve cusparada, nem chuva de confete nem “pelo papagaio do tio do meu vizinho, voto sim”. Tem horas em que a política de Westeros parece mais civilizada do que a nossa.

Junto de Jon Snow, Davos percebe que não tem muito o que fazer e pretende organizar algo com os poucos seguidores fiéis que ainda restaram. Libertam Ghost, que estava preso ali perto e tentam juntar os cacos do que restou. Melisandre aparece completamente incrédula e sem chão, incapaz de resolver qualquer coisa.

De volta a Winterfell, não é que Ramsay é capaz de gostar de alguém? Os sentimentos dele para com Myranda parecem mesmo verdadeiros. Mas passa rápido e ele logo nos lembra porque é o bastardo mais odiado dos Sete Reinos e manda entregá-la como comida para os cães.

Como nessa família é sempre uma no cravo e outra na ferradura, papai Bolton congratula Ramsay pela vitória incontestável contra Stannis, mas lembra que sem Sansa eles não tem o Norte e que sem o Norte tudo isso terá sido em vão. E ainda aproveita para cutucá-lo, dizendo que tem um irmãozinho a caminho. Ou seja, faça por merecer aí, senão a fila vai andar e eu troco de herdeiro favorito.

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Theon e Sansa conseguem fugir, mas com o canil inteiro de Winterfell atrás deles a coisa se complica. Os guardas conseguem os encontrar e quando tudo parece perdido, Brienne aparece e salva a cena, a Sansa, Theon, tudo e todos. A cena foi muito bonita, ela acaba com meia dúzia de guardas, mas as mortes mais emblemáticas são as desferidas por Pod, o escudeiro perdido que está virando um mocinho, e por Theon, que parece estar deixando Reek para trás.

Aí vem o momento emoção, quando Brienne finalmente consegue cumprir, mesmo que parcialmente, a promessa feita a Catelyn e Jaime, honrando sua espada Oathkeeper. O problema, Sansa, é que Brienne, apesar de ser extremamente bem quista por todos, não tem um histórico muito favorável. Confira comigo no replay: jurou proteger Renly, ele morreu. Jurou proteger Catelyn, ela morreu. Jurou proteger Jaime, ele não morreu, mas perdeu a mão direita e agora é um cavaleiro que não consegue lutar. Fica esperta aí.

Falando em Jaime, ele chega a King’s Landing com o corpo da filha e Cersei mais uma vez mostra um lado humano que às vezes a gente esquece que existe. “Ela me fazia acreditar que eu não era um monstro”. Bonito, mas estranho vê-la resignada assim quando seu filho ainda é o Rei dos Sete Reinos. A profecia diz que isso não vai durar muito, mas é estranho ver Cersei desse jeito – principalmente por não ter um copo de vinho ao lado. Jaime fica todo macho, mas o que ele pode fazer?

Já Margaery continua presa lá com o High Septon, não confessa nenhum pecado mas já dá indícios de que uma hora chega lá. “Você começou o caminho, mas ainda tem algumas milhas a percorrer”, diz o High Septon. Quer dizer que vamos ter que encarar vinhetas de 30s de Margaery presa por mais uns 5 episódios até essa situação se resolver? zzzzzz…

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Enquanto isso, na sala da Justiça em Dorne… As Sand Snakes e sua capitã Ellaria resolveram jogar tudo no ventilador de vez. Não bastasse terem matado Myrcella, agora matam também o príncipe Doran e seu herdeiro. E agora? Vão querer entrar em guerra contra os Lannisters? Tipo, nós contra o mundo? Tudo bem que as coisas não estão lá muito bem entre Lannisters e Tyrells, mas se tem uma coisa que pode juntá-los nesse momento é o ódio aos Martells. Qual a chance dessa revolta dar certo sem ajuda? Nenhuma. Vai ficar pequeno para as quatro.

E o Tyrion, hein gente? O cara estuda, viaja o mundo, vira a Mão do rei, é acusado, se vinga do pai, sofre durante meses fugindo e chega em Meereen. Você imagina que tudo isso serviu para ele agora ser a Mão da Daenerys e ela some. Ele se vê sozinho para comandar a cidade. Bom, ele está preparado pra isso, já passou por tanta coisa e ainda tem o Varys do lado pra dar uma força. Mas aí você vê a cidade completamente abandonada, ninguém é de ninguém, todo mundo é de todo mundo e a anarquia rola solta. Os revoltados continuam causando a desgraça, os adoradores da Daenerys continuam lá meio perdidos, povo passando fome, situação desoladora. Parece que não tem ninguém no comando. Os caras conseguem meter fogo na frota inteira de navios sem ninguém perceber! Pô Tyrion, tem que ver isso aí! Esperávamos mais de você. Nem os diálogos entre Tyrion e Varys, que sempre foram pontos altos das outras temporadas, empolgou dessa vez.

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Já Daenerys, prisioneira dos Dothraki, ouve poucas e boas calada, até que resolve falar. Não adianta nada saber falar Dothraki, vai sofrer do mesmo jeito. Apela então para a carteirada do “Sou a rainha dessa bagaça, só os meus títulos ocupam 5 minutos de diálogo, você sabe com quem está falando, queridinha?”, e não dá em nada. Até que resolve mandar o “sou a viúva do Kahl Drogo” like a boss. Ah é, então beleza, não vamos mais te estuprar e te matar com requintes de crueldade, vamos só te mandar pro asilo das velhinhas viúvas dos Kahls, aquelas que te fazem comer coração de cavalo cru. Eita, deu ruim. Sério, Daenerys está começando a cansar, dá um jeito nessa vida aí. Você tem três dragões, vamos virar esse jogo, você pode, você é capaz!

Viajamos agora lá para Braavos, onde Arya, cega, aparece mendigando na escada. Ela ouve algumas conversas, parece que vai obter alguma informação importante, algo sobre a Guarda Real (na verdade é sobre o cara que ela mesma matou na temporada anterior e lhe rendeu essa cegueira), mas sua muy amiga aparece e lhe dá uma surra daquelas. É Arya, vai precisar de umas lições do Daredevil.

E pra fechar o episódio, voltamos onde tudo começou, em Castle Black. Davos e seus amiguinhos percebem que lutar 200 contra 5 não tá tranquilo, não tá favorável, e se lembram de que tem um batalhão de selvagens que também não estão de boas na revolução e se não se mexerem vão morrer também. Mas isso fica para o próximo episódio. O que ficou no episódio atual foi a face real de Melisandre. E olha, é uma imagem inesquecível.

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Notinhas

  • Poxa JJ Abrahams, como você consegue ver a Brienne em Game of Thrones e fazer com que Gwendoline Christie só apareça em cena em Star Wars escondida debaixo daquela armadura? Isso não se faz.
  • A morte de Trystane, o herdeiro de Dorne, era esperada antes mesmo da cena começar. Mas a forma, com uma espetada na cabeça, pelas costas, surpreendendo todo mundo, é mais um sinal de como essa série é espetacular.
  • Que discussão foi aquela entre o Kahl e seu tenente sobre onde no ranking das melhores coisas do mundo está “ver uma mulher nua pela primeira vez”? Muito Monty Python aquilo!
  • E a forma que os roteiristas encontraram para fazer com que Jorah e Daario encontrassem o anel de Daenerys no meio de um planalto gigantesco? Simples, faça com que centenas de cavalos fiquem circulando ela, deixando a grama marcada por diversos dias. Só faltou fazerem um X no meio do alvo. Genial.
  • Mais um sinal de como essa série é mostruosa. A imagem de Melisandre velha é chocante não só porque é uma velha pelada – acreditem, a maioria de nós vai ficar velho e pelancudo. Mas a forma como a cena é montada junto com todo o histórico da bruxa vermelha ser aquela mulher ultra poderosa, sensual, que consegue tudo o que quer, até mesmo convencer um cara a matar a própria (e única) filha. Em um inesperado segundo ela vira uma quase aberração, fraca, inútil. Foi pra chocar mesmo e conseguiu.
  • Acho que os fãs vão pensar duas vezes agora quando reclamarem “poxa, já tem 50 minutos de episódio e não rolou nenhum peitinho”. Cuidado com o que desejam.
  • Melisandre não parece nem um pouco capaz de resolver a situação de Jon Snow, mas os fãs continuam confiantes de que ele não morreu. Dois pontos me chamam a atenção: Ghost estava muito perto dele quando ele morreu e ninguém queimou seu corpo até agora. Pensem a respeito disso.
  • Tem bastante gente reclamando que Melisandre já tinha tirado o colar antes e não tinha aparecido velha, que é um erro de continuidade. Não acho. Dessa vez ela não só tirou a gargantilha, ela abriu mão de todas as aparências, ela desistiu de tudo, ela estava derrotada, ela só queria ser ela mesma, tirou toda a casca. E por isso é que só agora a vimos como ela realmente é.

Notinhas++ para quem leu os livros 
(mas quem não leu pode continuar, não vai ter spoiler do livro aqui)

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  • Muito triste o que aconteceu com toda a saga de Dorne no seriado. O príncipe Doran do livro é um personagem muito mais interessante do que o da série – na verdade ele é um personagem meh na série. Toda a dinâmica dos irmãos Doran e Oberyn completamente ignorada. O primeiro um estrategista que pensa no longo prazo, o outro a emoção, o cara da ação, e como eles estavam muito alinhados em tudo o que tinha que ser feito. Triste não enxergarmos essa dinâmica na tela.
  • Além disso, tem tudo o que acontece a partir das ordens de Doran, que me parece não será abordada na série mas que no livro aparentava ter implicações importantes no andamento da história. Doran Martell e Aero Hotah, nós leitores dos livros sentiremos saudades daquilo que vocês não foram.
  • Toda a saga com a família de Theon, os Greyjoys, nada aconteceu ainda na série. Existem indícios de eles vão aparecer em algum momento ainda nesta temporada, mas minha impressão é que eles vão começar na série já a frente do livro.
  • Se você gosta da série (e quem chegou aqui depois de 2 mil palavras e não é fã da série?), mas ainda não leu os livros, faça isso. Tem muita coisa boa no livro que não tem como mostrar na série. O que os personagens pensam, o que os motiva, a mitologia do universo de Game of Thrones, tudo isso é muito mais explorado nos livros. É coisa pra caramba, eu sei, 5 livros com mais de mil páginas cada um, mas garanto que você não vai se arrepender.

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