Game of Thrones – Home (s06e02)

Mais um episódio de Game of Thrones se passou e mais uma vez estou abismado com tudo o que essa série consegue. Mesmo sem os livros para embasar o roteiro, cada sequência é uma paulada e tudo tem consequências gigantescas para o futuro. Minha impressão é que esse foi um dos episódios em que mais coisas aconteceram, algumas muito esperadas, outras completamente inesperadas e coisas nível Red Wedding!

Vamos logo começar com a review, que tem muito assunto para ser comentado hoje.

*Contém Spoilers

O episódio desta semana começa antes do começo (?), com Bran indo conhecer a Winterfell do tempo em que seu pai ainda era uma criança. Toda essa sequência é tão gratificante em tantos níveis que fica difícil até descrevê-la. Primeiro temos Ned Stark, que por si só já é um acontecimento. Ele está treinando com seu irmão, o tio Benjen – que até hoje está desaparecido ao Norte da muralha. Será ele importante para a grande batalha com os Outros? Provavelmente. Nisso temos a aparição de Hodor, criança! Uma criança meio gigante, meio abobalhada, mas que é capaz de falar! “Hodor fala!” Até a Old Nan, a babá dos Starks aparece ali. Surge então um cavalo branco, montado por uma menina que é ninguém menos que Lyanna Stark, a pivô de toda a saga de Game of Thrones.

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Aqui cabe um parêntese. Tudo o que vemos em Game of Thrones, desde o primeiro episódio, é consequência de coisas que aconteceram com Lyanna. Essa história foi contada, aos poucos, ao longo das temporadas do seriado, mas convém relembrar agora que ela entrou em cena. Lyanna estava prometida a Robert Baratheon, melhor amigo de Ned Stark. Mas foi raptada por (ou fugiu com) Rhaegar Targaryen, herdeiro do Trono de Ferro, irmão mais velho de Daenerys, então casado com Ellia Martell, irmã de Oberyn e do príncipe Doran. Quando o irmão mais velho de Ned e seu pai foram ao rei louco pedir pela liberação de Lyanna, foram executados com requintes de crueldade. Isso causou toda a revolução liderada por Robert Baratheon e Ned Stark, a morte de Lyanna (da qual Robert nunca se recuperou), o assassinato de Ellia Martell e seus filhos pelo Montanha (confessado durante aquela briga épica com Oberyn), a coroação de Robert, o quase extermínio dos Targaryens, a aliança Baratheon-Lannister e tudo o mais que temos no início da série. Fim do momento “relembrar é viver”.

Então Bran, que já estava muito a vontade naquela Winterfell dos velhos tempos, é trazido de volta ao presente, onde Meera, sua companheira de jornada, está entediada olhando para uma bela paisagem inóspita e gelada. Uma das crianças da floresta tenta acalmá-la dizendo que ela é muito importante para Bran, que existe uma guerra vindo, mas ela continua se sentindo um peixe fora d’água tendo que ficar esperando as visões de Bran, sem poder participar de nada.

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Da Winterfell anos 80 vamos a Castle Black, que é ali pertinho. Davos e os amigos de Jon Snow estão encastelados, aguardando o momento em que Alisser Thorne irá finalmente invadir para matá-los, quando ouvimos alguém bater no portão: os selvagens, com a ajuda luxuosa do gigante Wun Wun, resolvem acabar com a palhaçada. Impressionante como fazer uma pessoa parecer personagem de desenho do Pica pau faz acabar a vontade de qualquer briga, não é mesmo? Alliser e Olly são mandados pra jaula e a paz volta a reinar na muralha. Exceto que Jon Snow continua morto.

Passada básica por King’s Landing, para ver como estão as coisas por lá. Um cara aleatório fica se gabando na mesa do bar de que Cersei gostou de ver o seu pirulito enquando estava fazendo sua caminhada da vergonha – como se alguém pudesse se excitar por seja lá o que for, ao ser humilhada daquele jeito. Não basta ninguém acreditar nele, alguém no palácio ouviu e o Montanha não quis nem saber de nada, já chegou espalhando miolos pra todo lado.

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Cersei quer ver o funeral da filha, mas é impedida devido a ordens do rei, seu filho mais novo, que teme ver a mãe ser presa de novo pelo pessoal do High Sparrow. Um funeral de uma princesa com apenas 2 participantes? Sim, essa é a popularidade dos Lannisters agora: só Jaime e Tommen estão lá para se despedir dela. Depois que Tommen vai embora, a coisa esquenta entre Jaime e o High Sparrow, com eles trocando palavras carinhosas. Jaime ameaça com violência, mas o High Sparrow sabe que os números estão do lado dele, “cada um de nós é pobre e impotente, mas juntos podemos derrubar um império”. Difícil competir com essa tática de “we are legion”, já vimos diversas vezes como isso pode ser poderoso. Os Lannisters estão com milhões de problemas, esse é mais um pra entrar na fila. Lembrando que foi a própria Cersei que deu esse poder todo ao High Sparrow. Aqui se faz, aqui se paga, queridinha.

Só que agora Tommen quer crescer e resolveu que o modelo a ser seguido é o de sua mãe. Se fizer metade das besteiras que a mãe já fez não vai durar até o fim da temporada, amigão.

Arya continua apanhando da ajudante do templo, parece já estar cansada de tanto apanhar. Até que Jaqen aparece e pergunta por três vezes qual o nome dela, cada vez oferecendo uma recompensa melhor. Arya resiste e por conta disso não precisará mais ficar mendigando.

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Chegamos às quatro sequências mais impactantes do episódio. Primeiro Tyrion, o domador de dragões, que descobre que a escravidão já voltou em toda a baía, pondo tudo o que Daenerys tinha conseguido em Yunkai e em Astapor no chão. Sabendo que é só uma questão de tempo para o mesmo acontecer em Mereen, algo precisa ser feito. Por ser um grande estudioso e, principalmente, possuir um enorme fascínio por dragões, ele sabe que um dragão não é um ser que goste de viver acorrentado. Então lá vai ele para o calabouço onde estão presos Rhaegal e Viserion e os solta – com o bônus de ter aparentemente conquistado a confiança dos dragões, o que será muito útil nas batalhas que ainda estão por vir.

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Já em Winterfell, Ramsay resolveu botar as manguinhas de fora. Como papai está ameaçando tirar meus poderes, papai já era. E junto ainda vamos dar um jeito também na madrasta e no irmãozinho recém nascido. Aí sim fomos surpreendidos novamente. Pode parecer que Ramsay acabou de salvar a sua pele, mas na verdade ele acabou de cavar a própria sepultura. Papai Bolton era um cara safo, estratégico, que conseguiu o Norte inteiro de uma só tacada sem que seus inimigos sequer soubessem que ele era um inimigo. Mas ele sabia que esse poder era muito frágil, ele tinha uma visão estratégica muito mais apurada que a do seu sádico filho. Agora, sem papai para montar as alianças, Ramsay não vai durar muito. Ainda mais sem nenhuma Stark por perto para dar legitimidade ao seu posto de protetor do Norte. A casa vai cair pro lado dele, e vai ser muito mais rápido do que ele imagina. Basta Sansa chegar à muralha e Ramsay não tem mais nenhum futuro. Ela já está bem adiantada no seu caminho, e libera Theon para voltar para casa.

Depois de umas três ou quatro temporadas, voltamos às Ilhas de Ferro, onde Balon Greyjoy é morto por seu irmão Euron. Isso dará início a um processo de sucessão por aquelas bandas. Quem herdará o trono de Pyke? Yara, a filha prodígio? Euron, o irmão assassino? Ou Theon, o filho eunuco que está chegando? Veremos nos próximos episódios. Tomara que a saga dos Greyjoy tenha mais sucesso do que a saga dos Martell em Dorne.

Finalmente, voltamos a Castle Black. Pelo segundo episódio seguido é o único local com mais de uma sequência no mesmo episódio. E que final de episódio, não é mesmo? Davos, mesmo sem simpatizar com ela, acaba pedindo para Melisandre usar seus dotes e tentar dar um jeito em Jon Snow. Melisandre, mais insegura do que nunca, diz que nunca fez isso, que não acha que vai conseguir e blábláblá. Mas resolve tentar mesmo assim. Depois de muito tempo limpando o corpo, aparentemente a magia não deu certo e ela deixa o quarto desconsolada. Um a um os outros vão deixando o corpo ali, até que sobram apenas Ghost e Jon. Subitamente, Ghost percebe algo estranho no ar e se levanta. Segundos depois, Jon dá seus primeiros suspiros, de olhos arregalados, e sobem os créditos. E agora, José?

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Notinhas

  • O que será que aconteceu com Wyllis para ele virar Hodor? Ele não parecia o mais esperto dos meninos de Winterfell, mas estava anos luz à frente do Hodor dos dias atuais. Interessante ver que ele sempre foi do tipo gentil e amigável, mesmo tendo “sangue de gigante” correndo nas veias.
  • Interessante essa estratégia dos produtores de usar as viagens no tempo de Bran para recontar a História dos sete reinos. Qual será a próxima parada? Será que teremos mais Lyanna Stark?
  • O alívio dos guardas Lannister de que não precisariam lutar contra o Montanha zumbi foi hilária. Provavelmente eles iriam ganhar, já que eram uns 15 contra 1. Mas que metade deles ia pras cucuias, isso ia.
  • Legal ver o paizão Jaime tentando proteger e aconselhar o filho. Parece que o pouco tempo que ele teve com Myrcella o fez perceber a paternidade de verdade. Até porque, com Joffrey é que não dava para exercitar esse lado paterno, não é mesmo?
  • Quem ficou cuidando do reino enquanto Cersei estava presa? Tommen, sozinho? Ele é só uma criança. Onde está Kevan Lannister, o amado tio da Cersei?
  • Arya é uma das personagens mais queridas do público, mas o ritmo em que vai andando a sua história é muito lento. Precisavam dar uma acelerada nisso aí.
  • Muito bom também ver Tyrion recebendo novamente as melhores falas do episódio. “É o que eu faço. Eu bebo e eu sei das coisas”. “Estou aqui para ajudar. Não comam a ajuda”. E finalmente, “Da próxima vez que eu tiver uma ideia dessas, me dê um soco na cara”. Tyrion, senhoras e senhores.
  • Ramsay servindo seu irmão recém nascido aos cães é de uma brutalidade sem tamanho. Mas é importante para sabermos o quão longe ele consegue chegar. Ele fez tudo isso sem nem piscar.
  • Quando Davos foi se encontrar com Melisandre, ela estava coberta de peles, em frente a lareira, tentando se aquecer. Só que ela é uma bruxa do fogo, ela não deveria sentir frio. Mais uma dica da produção do quanto ela está fragilizada.
  • A internet foi à loucura com a ressurreição de Jon Snow. Estava muito claro que isso iria acabar acontecendo, mas mesmo assim é muito legal ver um personagem desses sobreviver à sanha implacável de George R. R. Martin.
  • A morte de Balon Greyjoy chegou muito tarde, talvez muitos tenham esquecido. Mas Melisandre, quando usou aquela sanguessuga em Gendry, fez um feitiço para matar os 3 “falsos” reis que ainda estavam vivos – Joffrey, Robb Stark e Balon Greyjoy. Lembrando que os outros reis para completar a Guerra dos Cinco Reis eram os irmãos Renly e Stannis.
  • Impossível prever todos os desdobramentos da volta de Jon Snow. Ele provavelmente terá poderes infinitos no comando da Night Watch, mas e o resto? Estou muito curioso para ver a reação de Alisser Thorne e de Olly quando o virem vivo. Os selvagens farão tudo o que ele mandar, até invadir Winterfell se for o caso – o que provavelmente vai acontecer assim que Sansa chegar a Castle Black. Mas será que essa história de ficar morto por umas 24 horas não deixará nenhuma sequela? E Melisandre, vai recuperar a confiança? Como será a relação entre ela e Jon Snow? Davos vai entrar para a Night Watch como braço direito de Jon? Muitas perguntas.

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