Não, não vamos falar de uma garotinha que apronta mil e uma aventuras, vamos falar de um filme que se passa no antigo, abandonado e real hospital psiquiátrico localizado em Michigan. Apesar das filmagens do filme terem sido feitas no antigo Eloise, o filme não é baseado em fatos reais, ele é totalmente fictício e também lotado de clichês e a trama tem como base o mesmo que praticamente todas as histórias que se passam em hospitais psiquiátricos. Vamos ao check list:
Hospício abandonado que pegou fogo misteriosamente – check
População conta diversas histórias sobre o que ouviram dizer que acontecia lá – check
Mocinha e mocinho bonitos e corajosos que vão entrar e nada vai acontecer, afinal são só histórias – check
Médico malvadão, malucão que fazia experiência nos pacientes – check
Enfermeiros tão malucos quanto os pacientes e enfermeiros bonzinhos que só queriam ajudar – check
Como vocês podem ver a lista pode ser enorme e sabe de uma coisa, esse tipo de filme pode até ser legal, se e somente se tiver uma boa base para suportar os clichês. A trama tem que ser bem contada, os atores serem convincentes em suas atuações, passar realmente medo para o público e um conto suporte forte para dar entrada nesse mundo de locais abandonados e assustadores. E aí é que está o grande problema de Eloise.
Em Eloise temos Jacob (Chace Crawford – Gossip Girl) que recebe a notícia que seu pai, com quem não falava há anos, morreu e deixou uma herança, mas para conseguir colocar as mãos nesse dinheiro precisa conseguir o atestado de óbito de uma tia que estava internada no Eloise e morreu há mais de 30 anos, senão ele terá que esperar sete anos para conseguir receber o dinheiro. Oi? Daqui a pouco a gente volta aqui, vamos continuar. Bem, ele descobre que o hospital tem uma parte ainda ativa, mas o atestado da tia está numa ala específica do hospital e que pra conseguir precisa de uma ordem judicial que pode demorar meses. Lógico que ele não quer esperar e com a ajuda do amigo Brandon (Brandon T. Jackson), encontra um outro cara, Scott (P.J. Byrne) que é super conhecedor do complexo hospitalar e vai invadir o local com eles para conseguir esse tal atestado. No entanto, Pia (Eliza Dushku), irmã de Scott, não vai deixar o irmão – que é especial – ir lá sozinho e então se junta a trupe. Pronto, quarteto formado, lá vão eles invadir o hospital numa noite chuvosa. Até então, apesar da historinha jurídica mal contada, tudo vai bem, mas chegando no hospital a coisa começa a ficar estranha e não é por conta das “assombrações”, mas a história, inicialmente de terror, se perde um pouco e acaba num dramalhão familiar.
O filme começa com situações mal explicadas e termina com um foco diferente do esperado. A impressão é que tentaram colocar um plot twist ali que não deu muito certo. Em termos de suspense/terror o filme deixa muito a desejar. Não é um filme péssimo, mas faz uma miscelânea que não deu muito certo. Entretém, mas não vale a pena se você tiver coisa melhor na lista.
Notinhas
- O caso do certificado de morte da tia é algo bem ridículo, preguiça total de quem escreveu a história em fazer uma pesquisa jurídica simples. Não sou advogada e muito mesmo uma exímia conhecedora das leis americanas, mas o pouquinho que li sobre é que não faz sentido exigir tal documento para uma pessoa que está desaparecida há 30 anos e que antes disso estava internada em um sanatório que pegou fogo. Pelo que entendi, é o mesmo princípio que vale para os desaparecidos depois de algum tempo na guerra. Entendi o propósito dentro da história, porém, poderiam ter colocado uma outra forma para fazer Jacob descobrir a tal tia, entrar no hospital e descobrir tudo o que ele descobriu.
- Se quiser saber um pouco mais sobre o Eloise tem essa matéria do The Guardian > https://bit.ly/2OCz340
- Aqui tem algumas fotos do hospital em funcionamento > https://on.freep.com/2LWYgaT
*Contém Spoilers
- Achei legal a Pia ter uma ligação com Jacob e todo o lance dela ajudar a salvá-lo quando nasceu, dela descobrir que a mãe dela era uma pessoa boa e que foi de suma importância na sobrevivência do rapaz. O que me incomodou absurdamente é que ela não pareceu tão incomodada com o fato da mãe ter morrido justamente por ser boa. Especialmente a parte que ela topa colocar fogo no lugar e deixa a mãe ali pra morrer queimada junto com os demais. Essa parte ficou muito mal colocada. Legal, o bebê é salvo mas centenas de pessoas morrem, muitas delas boas e que não tinham culpa nenhuma dos maus tratos que ali sofriam;
- Outra falha é o sangue fresco que Jacob encontra na faca e no chão na casa do pai quando entra lá pela primeira vez. Primeiro que o sangue já estaria seco depois de tanto tempo, segundo que isso leva a acreditar que houve algum tipo de suicídio ou assassinato e se fosse esse o caso a casa estaria interditada com faixas policiais de investigação.
Algumas teorias:
- No final, Pia aparece no que aparenta ser um quarto de hospital psiquiátrico. Será que ela era uma paciente do Eloise e que tudo não passou de uma alucinação sua?
- Jacob e Pia eram namorados e a mãe de Pia realmente foi uma das enfermeiras mortas no incêndio, após um colapso mental. Talvez a morte do irmão de certa forma associada ao Eloise fez com que Pia criasse toda essa história em sua cabeça;
- Ou talvez ela e Jacob tenham sido responsáveis de alguma forma pela morte de Scott e Brandon, que poderia estar relacionado ao hospício, ela enlouqueceu e Jacob fugiu;