A noite devorou o mundo

Quando pensamos em filmes de zumbis, logo imaginamos um filme com uma galera sendo mordida, gritaria, pânico, corre corre e logo alguns sobreviventes se juntam e lutam por suas vidas, nesse percurso vão atrás de abrigo e comida, as vezes encontram outro ou outros grupos de sobreviventes e se tornam rivais, outras se juntam e nisso alguns morrem. Mas temos também aqueles filmes um pouco mais filosóficos, porém é muito difícil pensarmos num filme de apocalipse estático onde tudo se passa num só lugar e com uma só pessoa e é exatamente isso que temos em A noite devorou o mundo (La nuit a dévoré le monde – título original).

Sam vai até a casa de sua ex namorada para pedir alguns itens seus de volta, chegando lá está rolando uma festança e ela pede para que ele espere num quarto, porém a moça demora e Sam acaba adormecendo, quando acorda no dia seguinte ele se depara com o apartamento cheio de sangue, parcialmente destruído e então ele olha pela janela e descobre que algo muito grave aconteceu enquanto dormia e que o mundo está repleto de mortos vivos. Então ele faz uma “limpeza” no prédio, cria uma barricada e fica ali vivendo, sozinho, longe das ruas e seus perigos. O problema é até que ponto uma pessoa consegue viver dessa forma. Como disse o poeta inglês John Donne “nenhum homem é uma ilha isolada […]”, ou seja, sozinhos não somos nada, pois fazemos parte de um todo. E é essa a problemática do filme, um homem tentando viver totalmente sozinho.  Quando comecei assistir o filme foi imaginando um filme de terror com zumbis nos moldes mais tradicionais com ambientação em Paris, mas os zumbis e toda situação de apocalipse foi só uma forma de abordar a temática do isolamento humano, até onde nossa mente consegue permanecer sã se estivermos totalmente solitários e quais mecanismos ela cria para essa sobrevivência. Definitivamente o filme surpreende, foge bastante do usual, o ator Anders Danielsen Lie atua muito bem como Sam e nos faz refletir bastante sobre as relações humanas e tudo isso com umas pitadas de zumbis 🙂

Notinhas

  • O zumbi Alfred que se torna “amigo” de Sam tem uma expressão sensacional. É como se ele falasse com os olhos. O ator Denis Lavant está de parabéns por sua atuação;
  • A cena do gato eu senti o que ele estava sentindo no momento.

2 Responses to A noite devorou o mundo

  1. Pingback: Leandro

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